Ficha Técnica:
Realização e câmara: Tiago Hespanha
Com: Carlos Silva
Som: Adriana Bolito, Frederico Lobo, João Vladimiro, Leonor Noivo e Miguel Coelho
Montagem: Ana Sofia Faria
Agradecimentos: Mauro Baptista, Vítor Reis, José Coelho, Guilherme Silva, Jaime Dias, André, Luís Silva, André Silva, António Coelho, José Roberto, José Silva, Pedro Cruz, Carlitos e o café "O Retiro dos Pombinhos".
Produção: Funda Calouste Gulbenkian e Ateliers Varan

(2006)

"O filme Quinta da Curraleira partiu de um impulso provocado pelo deslumbre com a visão inesperada de um lugar. Um dia andava pelo cemitério do Alto de S. João, em Lisboa, como era domingo e havia muita gente afastei-me da zona mais movimentada e encontrei o sítio onde estão as campas dos combatentes da primeira grande guerra, essa é uma zona limítrofe do cemitério, aproximei-me do muro e aí tive uma visão incrível: um terreno vazio encaixado num vale, entre prédios recém construídos, um aterro feito com os destroços das demolições do antigo bairro da Curraleira e o muro do cemitério, sobre este cenário voava em círculos um enorme bando de pombos. Essa visão deu origem a um dos planos de abertura do filme. Todo o filme foi construído a partir da estranheza daquele lugar e do que ali se passava. O que a critica contemporânea em face daquele lugar tenderia a chamar um "vazio urbano", ou um "espaço residual", revelava-se ali uma realidade bem mais complexa onde se assistia a pequenas erupções de vida depois da tábula rasa feita pelas máquinas. O que se passava diariamente naquele lugar e sobretudo a actividade de criação de pombos correios que ali se praticava foi trabalhado no filme como uma realidade significante em si mesma mas também como metáfora da cidade."