Inventário PCI

A taberna

Mora

"A taberna" -  Uma história sobre como um rapaz encontra uma forma criativa de declarar o seu amor à filha de um taberneiro.

Luísa de Jesus; Mora; Concelho de Mora, Évora

Registo 2007.

Caso.

 

Classificação: Paulo Correia (CEAO/ Universidade do Algarve) em Julho de 2007.

Transcrição

A Taberna

 

Olhe, era um senhor que tinha uma taberna e o senhor era já assim de uma idade muito avançada, coitadinho, e na' lhe aparecia, lá pela semana adiante, quase ninguém! Bebiam era vinho ao copo.

E atão ele tinha uma bela filha, uma bela donzela! E o que é que acontece? Ela andava a estudar. E chegava ao sábado e ia logo lá à taberna ver o pai.

Filha – Atão, pai?! Esta semana ganhou pò pãozinho?

Taberneiro – Ora filha! Uma semana muita ruinzita! Uma semana muito gelada...Já sou velhote! Isto é preciso é a gente ter calão! Eu já sou velhote! Isto já ninguém faz caso de mim!

Filha – Deixe que eu agora ao sábado e ao domingo... Vai ganhar pò pão e pà sopinha e pra tudo!

Assim foi. A gaja era muito boa! E atão ia lá pò café.

Andava um matulão a querê-la! Um gajo todo fadista(7)! Que ela também era fadista! E atão o gajo olhava sempre lá pà taberna a ver se ela lá estava. Andava a querê-la! E vai, viu-a lá ao sábado. Até se estremeceu!

Disse pò colega:

– Olha! O dono da taberna já tem ali a donzela! E ando a querê-la! Vamos lá! Vamos pra lá!

Ora eles viram-nos lá, começaram a ir muitos!

– Vá! – Vinha o copo.

Ela vinha logo aviá-los! Vá de comer um tremocinho e vá daí a nada:

– Outro copo!

– Outro copo!

Ora chegou às tantas, o gajo 'tava bêbado! 'Tava perdido de bêbado! O que é que ele faz? Já não podia beber mais, disse assim:

'Tou cheio até aqui ao estreitinho! Já na' posso beber mais um copinho!

Tenho caminho a direito pr'andar. Mas na perna levo o defeito, vou sempre a cambalear!

Chego a casa, olho pra luz, fecho os olhos, catrapuz!

E já na' posso mais olhar! Mas ainda na' perdi as esperanças

de com a donzelazinha, lá da taberna, ir casar!

E havemos de ter muitos filhinhos, pra vidinha boa, com ela passar!

E bem dito louvado o meu continho 'tá acabado!

E sempre casou com ela! Pelo jeito... Telefonaram-me a dizer que ele se casou depois!»

 

Luísa de Jesus, 76 anos, Amieiras (conc. de Mora), Junho 2007

 

Caraterização

Identificação

Tradições e expressões orais
Manifestações literárias, orais e escritas
A taberna
1931
Luísa de Jesus

Contexto de produção

Contexto territorial

Mora, Casa da Cultura de Mora
Mora
Mora
Évora
Portugal

Contexto temporal

2007
Hoje sem periodicidade certa. Encontros informais e iniciativas do Município de Mora e escolas

Património associado

Transmitidas aos serões, em quotidianos de trabalho e lazer.

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
ativa
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão

Contadores de histórias participam em iniciativas do Município de Mora. São convidados para participar na inicativa Palavras Andarilhas. Vão a escolas, lares e bibliotecas. Participam em iniciativas do Fluviário de Mora e da Casa da Cultura. Destacam-se as seguintes actividades desenvolvidas desde 1999:

 

- Encontro de Contadores e Histórias - 1999 a 2005

- Ti Tóda - Conta-me eum conto, estafeta de contos - 2001 a 2004

- As lendas vão à escola - 2005

- O Talego Culto - 2007

- O Talego ambiental - 2007 a 2008

- Comunidade do Canto do Lume

Idioma
Português

Equipa

Transcrição
Maria de Lurdes Sousa
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL