Inventário PCI

Caminhando para a sepultura

Poetas Populares de Grândola - Vídeo Poesia Popular.

“Caminhando para a sepultura”- A inevitabilidade da passagem do tempo e o encontro inevitável com a morte.

Manuel Augusto Francisco (Rusga); Ano de nascimento: 1948; Concelho de Grândola.

Registo 2007.

Décimas.

Classificação: Proposta por Paulo Correia (CEAO/ Universidade do Algarve) em Julho de 2007.

Transcrição

Caminhando para a sepultura

 

Por cada dia que vai passando

eu dou um passo cadenciado

para a minha eterna morada

porque nela sou sepultado.

 

Eu sei que já ao mundo nasci.

Não sei dessa recordação

e sem ter qualquer noção

como cá apareci.

Sou vivente, estou aqui.

Muitas vezes vacilando,

chego a ficar pensando

que na idade fui subindo,

mas vão as forças fugindo

por cada dia que vai passando.

 

Pode ser longa a caminhada.

Curta também pode ser.

Porque quem nasce, tem de morrer

se estiver a vida findada(1).

Ao findar essa jornada

que tudo fique descansado.

Depois de tudo findado

reina a paz e a harmonia.

Com a passagem de cada dia

eu dou um passo cadenciado.

 

Eu não parei no caminho

e não fiquei parado olhando.

Porque o tempo, esse, é daninho(2)!

Passou depressa voando.

Com lentidão vou andando,

com marcha cadenciada,

com a memória já cansada

por me faltar a coragem

ao iniciar a viagem

para a minha eterna morada.

 

Já estou a meio da subida

para chegar ao cimo do monte.

E prevejo que, no horizonte,

vai ser penosa a descida

nesta carreira seguida,

que o destino está marcado.

Já me julgo velho e cansado

fazendo fraca figura,

caminhando para a sepultura

porque nela sou sepultado.

 

Manuel Augusto Francisco (Rusga), Grândola, Fevereiro de 2007

Glossário:

(1) Findada – acabada.

(2) Daninho – causa estragos, danoso.

Para a execução deste glossário consultaram-se as seguintes fontes: http://www.priberam.pt; http://www.infopedia.pt/; http://aulete.uol.com.br

 

 

 

 

 

 

 

Caraterização

Identificação

Tradições e expressões orais
Manifestações literárias, orais e escritas
Caminhando para a sepultura
1948
Manuel Augusto Francisco (Rusga)

Contexto de produção

Comunidade - Poetas Populares de Grândola

Contexto territorial

Biblioteca Municipal de Grândola
Grândola
Grândola
Setúbal
Portugal

Contexto temporal

2007
Actualmente sem periodicidade certa. Encontros informais e iniciativas do Município de Grândola.

Património associado

A poesia alentejana de Grândola era dita em festas, feiras, locais de entretenimento e principalmente em tabernas.

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
ativa
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão

Poetas populares em iniciativas esporádicas do Município de Grândola. Em Grândola, vários poetas populares participam na iniciativa Rota das Tabernas (16ª edição em 2010) realizada em Junho.

Existem vários Encontros de Poetas Populares, nomeadamente em concelhos do Alentejo e do Algarve.

Idioma
Português

Equipa

Transcrição
Maria de Lurdes Sousa
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL