A forma como um sujeito se autodesigna traduz um conjunto de referenciais que remontam ao passado da sua infância, às vivências que estruturaram o seu percurso de vida e condicionam a forma como se projecta no futuro. A identidade de género envolve um conjunto de conceitos, preconceitos e estereótipos que influenciam a forma como cada pessoa se assume e afirma a sua individualidade.
A partir da construção da autobiografia, base do processo de Reconhecimento e Validação de Competências, é possível conhecer a forma como um conjunto de adultas em processo de reconhecimento de competências fala de si, dos outros e do mundo. Assim, do universo de mulheres inscritas no Centro de Novas Oportunidades da escola Secundária de Gago Coutinho até Junho de 2008, foi definida uma amostra desta população (dez mulheres) a fim de se proceder à análise do seu discurso sobre o seu passado, o seu presente e o seu futuro, procurando identificar a coexistência de tendências tradicionalistas e igualitárias no que se refere aos papéis de género, bem como relacionar esta questão com a motivação destas adultas para a aprendizagem ao longo da vida. Por último, uma reflexão sobre o Programa Novas Oportunidades e o método biográfico parecem imperativos para um conhecimento mais objectivo e profundo de uma dimensão pouco visível do tecido social de Portugal dos últimos 40 anos.