• Agostinho Miranda Alfaia
  • Data de Nascimento: 1963
  • Residência: Portalegre (Freguesia de São Lourenço)
  • Actividade profissional: Comercial.
  • Função no Grupo de Cantares: Cantor e músico.
  • Entrevista: 2010/2/11_ Portalegre_Sede do Grupo de Cantares

“Fomos (por um lapso aí do governo civil, acho eu), na altura, fomos a um encontro de Orfeões! De Orfeões, a Vila da Feira. Ainda era Vila da Feira! Agora é Santa Maria da Feira. [Risos]. Nós não sabíamos! Era um encontro de música tradicional para nós, de música, de cantares! Bom, mas a verdade é que quando chegámos havia uma recepção nos Paços do Concelho de Vila da Feira. Acho que ainda não era cidade mas, se calhar até já era! Mas, eu como tinha lá ido jogar futebol, aquilo para mim era Vila da Feira. E chegamos, tudo muito engalanado! As pessoas dos Orfeões, não é? Vestem-se muito bem. As pessoas, quando vão para as actuações – os Orfeões – vão muito bem vestidos, não é? O Grupo de Cantares, nós vamos com a roupa civil e depois é que mudamos a roupa. Trocamos a roupa no momento em que depois vamos actuar porque, realmente, as nossas vestes, os nossos trajes, são um pouco incómodos em alturas de Verão – embora nós gostemos deles. Mas tornam-se um bocadinho incómodos. E a verdade é que (nessa altura, acho que era por época também das festas aqui da nossa cidade), é que nós tínhamos dormido muito pouquinho. Dormimos muito mal! A viagem foi muito dura! Acho que saímos daqui às duas da manhã nesse dia, e quando chegámos, escusado será dizer, mal vestidos – à civil! Cada um com aquilo que… Enfim… Aos Paços do Concelho. Aquilo tudo engalanado e chega aquele grupo! Que também ia fazer parte do espectáculo. Nós começámos a olhar uns para os outros! E as pessoas dos Orfeões, tudo muito bem vestido – aquelas sedas, aquelas peças de tecido que as senhoras põem, muito bonitas, muito coloridas e tal… E nós com uma cara… De dormir muito mal! E o nosso chefe artístico, o meu primo, o Vítor Miranda, recordo-me de ele lá ir então a botar discurso. Mas muito ensonado! [Risos]. As outras pessoas: “– Atão, mas estes?! Estes senhores vêm de onde?!” [Risos]. Depois a questão foi que quando fizemos a apresentação (porque o Grupo de Cantares como tem esses temas de feição religiosa):

“O menino da Senhora…”

E a Fernanda começou a cantar. E nós entrámos, muito bem, assim mais só as vozes e tal… E aquilo acabou por ter uma aceitação boa por parte lá do Orfeão que convidava e tal. E fomos desculpados.

Há um momento em Marrocos. Em Marrocos – pela positiva –, um momento pela positiva do Grupo de Cantares. Recordo-me de Marrocos: um espectáculo numa praça de Rabah, em que a praça… Nós estávamos ali a fazer uns testes de som e, de repente, a praça ficou muito bem composta de marroquinos, uma coisa… Uma coisa! E são tão afáveis! É um povo tão afável, tão afectivo. Uma coisa impressionante. E nós quando fomos apresentar o espectáculo, criou-se um momento à volta tão, tão emocionante, tanto que os organizadores queriam que nós saíssemos do palco e nós não conseguíamos, porque os marroquinos pediam – uma, mais uma, mais uma... Não sei se eles gostaram dos adufes e… Daquela nossa prestação…

Lembro-me de no metro de Moscovo – fomos dez do Grupo de Cantares fazer a tocata e a cantata de um grupo de danças de São Mamede, danças e cantares de São Mamede, que foi criado para o efeito de representação na ex-União Soviética –, no momento de nós irmos a passear no metro de Moscovo e de irmos a cantar. Eu comecei a cantar e toda a gente respondeu. E foi um momento que eu também guardei, acho que guardo para sempre.

Cantei:

– Pelo toque da viola…

E toda a gente:

Pelo toque da viola…

Já sei as horas que são.

Já sei as horas que são. [Repetiram].

Isto, o metro de Moscovo tem umas salas – parecem autênticas salas de espectáculo! E, então, criou-se ali um ambiente muito engraçado.

Ainda não é meia-noite. Já passei um bom serão!

Já passei um bom serão.

Já passei um bom serão.

E todos a cantarmos no metro de Moscovo. Foi um momento que eu também guardo com muita satisfação. Embora aí não estivesse o grupo todo, mas aqueles que estiveram, uns dez, que se recordarão desta passagem com certeza. “