Inventário PCI

Auto de Natal

Beja

“Auto de Natal”- Versos de um auto de Natal.

Idalina Cocito; St. Clara de Louredo; Ano de nascimento: 1938; Concelho de Beja.

Registo 2010.

Classificação para o fragmento: Benditos e outros cânticos.

Observações: Trata apenas de um fragmento de um Auto de Natal. Um precioso casco integral (recopiado pelo pároco de Vila Ruiva no fim do séc. XVIII) está transcrito e acompanhado de um estudo exaustivo na seguinte publicação: Maria Micaela R. T. Soares, Teatro Rural Português: O Presépio, Lisboa 1982 (edição da autora). Uma variante do fragmento aparece nos vv. 1774 e ss. de 3550 vv.

 

Classificação: Isabel Cardigos (CEAO/Universidade do Algarve) em Setembro de 2011

Fonte da classificação: Aliete Galhoz em Idália Farinho Custódio, Maria Aliete Farinho Galhoz, Isabel Cardigos, Orações: Património Oral do Concelho de Loulé, vol. III, Loulé, 2008, CM Loulé. (Onde aparece sob estes títulos, com precisamente “Entrai, pastores, entrai”.)

Transcrição

[Auto de Natal]

 

«Entrai pastorinho, entrai

por este portal sagrado.

Vem visitar o Menino(1),

que ‘tá(2) na[s] palhinhas deitado.

Acordai José(3) sagrado,

deste sono tão profundo,

que um anjo traz um aviso:

- nasce o Salvador do mundo!

 

(…) Nossa Senhora, era São José, era um pastor alargue(?), era o Herodes, era um pastor... (…) Era alguns três pastores (…). E era a Salomé, era a Santa Isabel, (…) o homem que ‘tava na estalagem (…) e ó’pois(4) era uma burrinha que ia também. E depois era... Aquilo era mais de quase quarenta pessoas (…)... Era numas casas, em quaisquer pessoas! Era num casão(5 da quinta (…) e antigamente, quando na’ ‘tava chovendo, faziam na rua...Faziam umas coisas na rua, (…) mas eu na’ me alembro(6) de fazerem na rua, mas a minha mãe contava que faziam na rua... Pois. Pois era. Mas era muito lindo o presépio. (…)

 

Idalina Cacito, Beja, Abril de 2010

 

Glossário:

(1) Menino – Jesus Cristo (filho divinizado de Deus, crucificado para salvar a humanidade, nas religiões cristãs).

(2) ‘Tá – “está”- pronúncia popular do verbo “estar”, abreviatura oral, de uso informal e coloquial.

(3) José - esposo de Maria, o pai adoptivo de Jesus e que é considerado santo no catolicismo.

(4) Ó’ pois“depois” (popular, modo coloquial, reprodução da pronúncia).

(5) Casão – arrecadação no piso térreo; armazém.

(6) Alembro – do verbo‘alembrar’ é o mesmo que ‘lembro’. Uso popular que remete para o verbo lembrar.

Referências bibliográficas e recursos online utilizados no glossário:

http://alfclul.clul.ul.pt/clulsite/DRA/resources/DRA.pdf;http://aulete.uol.com.br;http://catholicum.wikia.com; http://jardimdeurtigas.blogspot.com/2009/03/dicionario-alentejano-portugues-c-d.html; http://motoxaparros.webs.com/comodizquedisse.htm;http://nortealentejano.blogspot.com/2010/02/vocabulario-de-carreiras-aldeia-da.html; http://www.ciberduvidas.com;

Nunes, José Joaquim. (1902). Dialectos Algarvios (Lingoagem do várlavento) (Conclusão). Revista Lusitana, Volume VII, Lisboa: Antiga Casa Bertrand.  pp. 250.

 

 

 

 

 

Caraterização

Identificação

Tradições e expressões orais
Manifestações literárias, orais e escritas
Auto de Natal
1938
Idalina Cocito

Contexto de produção

Contexto territorial

St. Clara de Louredo
St. Clara de Louredo
Beja
Beja
Portugal

Contexto temporal

2010
Actualmente sem periodicidade certa. Encontros informais e iniciativas do Município de Beja.

Património associado

Transmitidas aos serões, em quotidianos de trabalho e lazer.

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
ativa
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão

Contadores de histórias que participam em iniciativas do Município de Beja. São convidados na iniciativa Palavras Andarilhas. Vão a escolas, lares e bibliotecas.

Idioma
Português

Equipa

Transcrição
Maria de Lurdes Sousa
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
Lénia Santos
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL