Inventário PCI
Campo Maior (sobre Campo Maior, mas gravado em Lisboa - Casa do Alentejo)
"O velho sobreiro"- Poema sobre um pequeno sobreiro em Lisboa.
Rosa Dias, Ano de nascimento 1947, Lisboa, Registo 2012.
Transcrição
O velho sobreiro
Passava um dia perto do Rossio
Entre a igreja de São Domingos e a Ginjinha
Quando em meu corpo senti um arrepio
Que mesmo das entranhas da minha alma vinha
Foi uma graça de Deus a emoção que senti
Quando de repente o meu olhar pousava
No velho sobreiro ali, mesmo ali
Nesse momento senti que no Alentejo estava
Mas ai que para meu espanto Lisboa passa
De canastra à cabeça e chinela no pé
Bandeando a anca que enchia de graça
Benzendo seu rosto num gesto de fé
No velho sobreiro pousavam pardais
Trinando cantigas ao som do pregão
A varina corria em direcção ao cais
E o sino da igreja fazia dlão, dlão
Dlão, dlão…
E eu, camponesa, olhava com espanto
Toda esta visão, todo este bulício
Minha alma poeta se enchia de encanto
E as pessoas passavam sem darem por isso
Com vida apressada, perdeu-se o encanto
A vida é vivida em função do dinheiro
As pequenas coisas já não causam espanto
E Lisboa já chora abraçada ao sobreiro
Mas Deus, Deus que é amor deu o dom ao poeta
Para ver a vida com outra visão
Com outro sentir, que o faz estar alerta
Para as pequenas coisas que tão belas são
Informante: Rosa Dias
2012/Campo Maior
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Poesia Popular da autora transmitida por livro e recitada em diversos eventos culturais.