Inventário PCI
Reza para curar crianças subnutridas
Práticas tradicionais de cura
Transcrição
- "Eu desenganicei, porque eu fui desenganir dois e por acaso ficaram bem desenganidos."
[Risos]
- "Eu desengani uma e ficou como estava e morreu depois."
- "Os meus não morreram!"
- "Morreu mais velha, morreu já tinha muito tempo."
- "Eu fui desenganir, porque antigamente era assim: as crianças às vezes não medravam, porque também passavam fome. Não comiam."
- "A alimentação era pouca."
- "E então iam-se desenganir. Então tinham que ser duas Marias. Iamo-los desenganir. Era uma silva que fizesse um arco, a criança passava por baixo. E ficávamos cada uma de seu lado. E uma dizia assim: «Toma lá». E a outra dizia: «Tu que me dás?». «Dou-te Zé Fernando (um era Zé Fernando), um ganido.» «Não quero um ganido, quero desenganido. Pela graça de Deus e da Virgem Maria, um Pai Nosso e um Avé Maria.». E rezávamos. E tínhamos que fazer aquilo nove vezes, passar de uma para a outra sempre a mesma coisa.
-Tu que me dás?
- Dou-te Zé Fernando, um ganido.
- Não quero um ganido, quero desenganido.
Pela graça de Deus e da Virgem Maria,
Um Pai Nosso e um Avé Maria.
Fazíamos aquilo nove vezes e depois trazíamos a criança. Havia que o ir desenganir para um sítio longe das casas, onde a mãe não passasse. Porque a mãe durante um ano não podia passar lá. A mãe da criança, durante um ano, não podia passar. E não passava, pronto. E depois lá (…) uma merenda e nós todas contentes."