Inventário PCI
Relato sobre tradição a cumprir quando a criança demorava a falar.
Práticas tradicionais de cura; expressões tradicionais associadas.
Transcrição
- "Quando uma criança não falava, quando tinha dois anos [e] não falava. Uma senhora, a mãe ou a madrinha, uma senhora qualquer com a criança. [Ia] às casas. Não sei a quantas casa tinha que ir."
- "A nove! Ia a nove casas."
- "A nove casas. Entrava pela porta e só dizia assim: «Dai a esmola ao pobre, que ele quer falar e não pode.». Mas não podia sair pela mesma porta."
- "Lola! Mas levava-o dentro de um fole. Tinha que o levar dentro de um fole. E a porta. A casa tinha que ter duas portas. "
- "Pois, não podia sair pela mesma."
- "Não podia sair pela mesma. Entrava por uma e dizia assim «Dai a esmolinha ao do fole que quer falar e não pode.». E eles davam-lhe qualquer coisinha, não sei o que lhe davam. E saía por outra porta, não dizia mais nada. E ia outra casa. Tinha que ir a 9 casas com duas portas. A casa tinha que ter duas portas. (...) E levava a criança dentro de um fole. Não sabe o que é o fole, mas também não lhe podemos mostrar que nem usar nós sabemos. O fole era a pele de um carneiro ou de um cabrito."
- "Mas era feito e transportavam o vinho nas mulas antigamente, nele. As mulas, por exemplo, para transportar (...) vinho do Porto, levar mais na serra. Transportavam num fole. O vinho andava num fole. Como aquelas botas de beber, era feito do mesmo material, só que era grande."
- "Levavam o milho para o moinho, traziam a farinha num fole. E então metiam a criança [no fole]. E era a madrinha que ia com ela."
- "Ainda há o provérbio, quando o homem bebe muito (...): «Estás como um fole!». Estava cheio. [Ou] «É um fole a comer. Aquele é como um fole.»."