Inventário PCI

Perder a fala com os lobos

Relato sobre um homem que deu um tiro a um lobo e perdeu a fala.

Caso real associado a uma crença.

Nota: Certas crenças tradicionais ligadas à caça envolvem tabus relativos à morte de certos animais. Embora, neste caso, não se trate de caça mas sim de autodefesa, o lobo continua a ser pensado como um animal com uma presença quase mágica, nomeadamente no Norte do país. A equivalência simbólica entre a perda da bala (que não matou o lobo) e a perda da voz humana, reflete a consciência de que, desta vez, a “voz” do lobo prevaleceu.

Transcrição

- "Havia um nosso tio, da parte da minha cunhada, que diz que lhe deram um tiro e que ficara sem fala não sei quantos dias. O tio Artur. Diz que ia para namorar com uma rapariga.

Era do lado da minha cunhada, portanto do lado meu marido, mas eu ouvia o meu avô contar isso. Dizia que ele ia namorar. Portanto os nossos avôs, o avô do meu marido e da minha cunhada, ela também se deve lembrar disso.

Diz que eles eram dali de cima e tinham brandas e inverneiras. Então ele diz que ia daqui para a branda e que ia por um monte, claro, e que lhe saiu o lobo. E ele que lhe deu um tiro, mas não o matou. Então diziam que quando davam o tiro e não o matavam que era pior. E o lobo diz que veio atrás dele... agora é que já não me lembro bem, se ele vinha de lá para cá, se ia daqui para lá. E que quando chegou e que se meteu à cama, que esteve não sei quantos dias sem falar com o medo que ele apanhara ao lobo."


 

Caraterização

Identificação

Tradições e expressões orais
Irene Gonçalves, Deolinda Gonçalves

Contexto de produção

Contexto territorial

Castro Laboreiro
Castro Laboreiro
Melgaço
Viana do castelo

Contexto temporal

2022

Património associado

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão
Idioma

Equipa

Transcrição
Laura del Rio, Paulo Correia
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
Filomena Sousa, José Barbieri
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL