Fui branca e vejo-me preta,
Só medrei em comprimento,
Tenho bom pano e estou nua,
Sofro chuva, sol e vento.
Umas vezes estou mui farta,
Outras vezes de lazeira,
Padeço daquele mal,
Quem s’dedica à oliveira;
Sou flagelo de mau dono
E dele devem ter dó,
Quando me vires mui fresca,
Estou no meu canto só.
R: É a chaminé.
Explicação: A chaminé àntiga, porqu’agora nã’tão ferrugentas. Fui branca, nasceu branca a chamin quando a fizeram, e vejo-me preta, preta qu’é o fumo com a ferruga da chaminé, não é destas d’agora, é d’antiga. Só medrei em compimento, em largura não, como começaram assim foi, só em comprimento foi pra cima. Tenho bom pano, pano é uma parte que se põe na chaminé, assim a atravessar. E’tou nuam sofro chuva, sol e vento, umas vezes ‘stou mui farto, é quando pomos o chouriço e aquelas coisas todas a secar na chaminé, não é, umas vezes estou mui farta, outras vezes de ladeira, padeço daquele mal qu’indica a oliveira, é a farruga. As oliveiras tamém têm, e agora ‘stão elas bastantes estragadas, pretas in vez de serem muito verdinhas, andam negras. É uma doença qu’as oliveiras arranjam.