Inventário PCI
Cabeceiras de Basto
"A tempestade"- Relato de uma trovoada tão grande que matou todas as ovelhas que levou ao monte a pastar, em tempos de criança.
Adelaide Fernandes, Ano de nascimento 1950, Bucos, Cabeceiras de Basto, Registo 2012.
Transcrição
A tempestade
Eu era pequena, tinha para aí treze, catorze anos. Andava neste monte aqui por cima com as ovelhas. Não eram minhas! Ia para lá a trabalhar só pela sopa. Deu uma trovoada tão grande… Já de Inverno. Deu uma trovoada muito grande naquela serra fria… Eu meti-me por baixo de um penedo. Eu olho para as ovelhas: as ovelhas a morrer-me. Ao frio! Eu disse assim: agora vou eu atrás das ovelhas! As ovelhas a cair para o chão… Eu disse assim: lá vou eu a seguir… Eu, muito quietinha, com os pés… Não tinha chinelos naquele tempo! E era eu atrás de um penedito:
- Ai, Jesus, que trovoada grande…
E frio que estava… Nisto, chama o dono das ovelhas, com uma capa destas de oleado, boas, como se usava dantes… Aquelas capas eram bem boas. Um carapuço pela cabeça, ele chegou:
- Ó minha filha, vai-te embora! Vai-te, foge!
Mas eu também tinha medo, que consoante vinham aqueles relâmpagos de lume… Eu tinha um medo do carambas!
- Mas as ovelhas estão aí mortas!
Ai, Jesus… Nunca mais me esquece. Ele disse:
- Vai-te embora, deixa as ovelhas! As ovelhas, deixa as ovelhas!
Eu: toca de fugir para casa! Eu fui andar a carregar as ovelhas, eram as ovelhas mortas com o frio e com a trovoada.
Informante: Adelaide Fernandes
2012/Cabeceiras de Basto
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Adivinhas, anedotas e histórias partilhados em encontros, festas, excurções e actividades promovidas pelo Município e Junta de Freguesia