Inventário PCI
O Guisado de galo, ou galinha, é um prato de dias festivos na serra algarvia. Tradicionalmente fazia-se por volta do Natal e do Carnaval sacrificando-se os animais mais velhos da capoeira. Hoje o seu uso está generalizado a todos os dias festivos.
Esta recolha mostra o galo a ser cozinhado ao fogo de lareira.
Transcrição
Caraterização
Ingredientes:
Para cerca de 8 pessoas 1 Galo ou galinha Alho, Azeite, Banha, Cebola, Louro, Pimenta da Jamaica, Pimento, Sal, Tomate, Vinho tinto - a quantidade é calculada na altura de acordo com o gosto de quem cozinha.
Preparação:
Corta-se o galo (ou galinha) em pedaços e tempera-se com alho, louro e sal. Num tacho grande coloca-se um fundo de azeite e uma colher de banha. Leva-se ao lume. Junta-se a cebola cortada em bocados médios. Deita-se o galo temperado, mexe-se um pouco e deixa-se a refogar durante uns minutos. Junta-se um copo de vinho tinto e fica a apurar. Acrescentam-se alguns alhos, pimento vermelho e tomate maduro cortado em bocados médios. Tapa-se a panela espera-se que ferva. Entretanto junta-se o caldo (a partir da fervura de ossos e peles). Acrescenta-se uns grãos de pimenta da Jamaica, colorau e sal. Descascam-se as batatas e cortam-se em quartos. Juntam-se ao galo quando este estiver bem cozido e a carne se separar dos ossos. Retira-se do lume quando a batata estiver bem cozida
O Guisado de galo, ou galinha, era um prato de dias festivos na serra algarvia. No fim do ano e no carnaval era comum a preparação desta receita. O galo era essencial como reprodutor na capoeira e a galinha rendia mais a pôr ovos do que como alimento, daí que ambos eram conservados vivos enquanto eram produtivos e sacrificados nos dias de festa. Com uma carne dura, o galo ou galinha eram guisados na panela de ferro colocada em fogo de lenha durante horas, até que a carne se separasse dos ossos, sendo então incorporada a batata. No Cachopo, onde gravámos esta receita, usam tradicionalmente um pouco de vinho tinto para ajudar a amaciar a carne. Nesta casa afirma-se que o galo ou galinha eram mortos, depenados e colocados na panela no mesmo dia. Noutros locais do Algarve a tradição é matar o Galo de véspera e deixar a repousar dentro do vinho e tempero uma prática que nos lembra a preparação da cabra velha nas Beiras ou o Coc au vin francês. Não se usou o sangue na receita. Noutros locais do Algarve o sangue do animal é reservado e incorporado no fim quando as batatas estão cozidas, tornando o resultado final numa variação da cabidela. Continua a ser uma comida muito apreciada na serra do Algarve.
Identificação
Contexto de produção
Colectivos/Comunidades
Os direitos colectivos são de tipo consuetudinário.
A transmissão ger
Esta receita continua ser confeccionada em diversas localidades da Serra Algarvia, não se identificando situações de risco. São, no entanto, as gerações mais velhas que mais vezes preparam a receita.
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Dieta Mediterrânica.
A Dieta Mediterrânica envolve um conjunto de saberes baseados na proximidade e na sazonalidade. Estes saberes aplicam-se à agricultura, à alimentação e à organização social. A sua zona natural de ocorrência é a bacia mediterrânica. Os produtos da época, o azeite, o pão e os vegetais são predominantes nesta dieta.
Festividades diversas. Receita usualmente confeccionada no Natal.
Utensílios de cozinha. Tacho para ir ao forno de lenha.
Serra Algarvia
Contexto de transmissão
Círculos Familiares