Inventário PCI
: História sobre um homem soturno que invadiu uma casa, apenas para espancar um rapaz.
Relato de um caso noturno inexplicável.
Transcrição
- "O meu pai já levou uma carga de porrada dentro de casa."
- "Ele merecia, de certo." [Risos]
- "Não era bem merecia, não mereceu. Porque a mãe tinha dois filhos: era ele e uma rapariga. (...) Isto também foi às horas da trindade, ele estava sentado à beira da lareira e a mãe foi deitar a rapariga. E ele viu aquele homem entrar, como aqueles homens que andam com os guarda-chuvas às costas, (...) viu aquele homem entrar dentro de casa. E ele ficou assim a olhar para ele. Ele aviou-lhe uma carga de porrada tão grande, tão grande, que ele ficou esticado ali no chão a gritar pela mãe e a mãe, dentro de casa, não o ouvia! A mãe dentro de casa e não o ouviu. E no fim de lhe dar a porrada, o homem saiu pela porta fora. Quando veio, a mãe que veio de deitar a irmã, vê o filho esticado no meio do chão. O meu pai esticado no meio do chão.
«- António, ó António, o que tens?»
«- Ai minha mãe, que eu gritei tanto por ti e tu não viestes acudir.»
«- Não te ouvi gritar!»
«- Um homem entrou aqui, deu-me uma carga de porrada e foi-se embora.»
Mas o meu pai disse que se fosse passar, que passasse por ele. Ainda ele era rapaz, também. Não era homem, ainda era rapaz quando isso se passou.
Por isso, na Póvoa, contava-se muitas coisas dessas e passavam-se mesmo."