- "A canalha fazia aquilo para brincar. Eu lembro-me quando era pequeno, metia-lhe uns buraquinhos e [soprava]. Música, não..."

- "Aquilo só faz barulho."

- "Eu, se agora fizer uma, sou capaz de lhe meter umas notas lá, não tinha problema. Mas aquilo só tocava um pouquinho, entrava muita saliva para dentro e depois [deixava de tocar]."

- "A coqueira é a planta da abóbora. (...) Depois tem uma folha e a folha é oca por dentro, é como um tubo, tem um caninho. E depois, na ponta, corta-se um bocadinho, mas não se corta onde esteja o cano. Ela é fechada na ponta e dá-se-lhe uma rachadela, dá-se-lhe um cortinho e depois sopra e depois dá [um som]."

- "Eu vou-te buscar uma folha!"

- "Vais buscar uma? Há que cortá-la aqui. Não posso é abrir, porque se o abrir depois ele não toca."

- "Não é aberto aí?"

- "Não, não. Agora tenho que lhe fazer aqui uma [rachadela].

[Toca]

Agora faço-lhe aqui uns buraquinhos. Agora temos que ver qual é a tonalidade que ela está. E lá vou eu tocar para os gaiteiros.

[Toca]

E era isto! Por exemplo, se eu cortar aqui mais um bocadinho, ela já me dá um som mais agudo.

[Toca]

Eu, se tivesse tempo, até lhe dava uma tonalidadezinha, mas precisava de muito. Ela, por daqui a bocado, entra-lhe a saliva e já não toca.

E os rapazes, fazíamos isto e brincávamos todos juntos, mas não saía música nenhuma, não saía nada.

[Toca]"