- "Também da outra vez a avó dela..."

- "Era a minha avó."

- "Que vinha com um dos pequenos, nós chamamos de Porto Seco (...?). E tinham muitos terrenos para lá que trabalhavam, eram muito boas para o centeio e para as batatas, que era o que a gente colhia aqui, em geral todo mundo tinha terrenos lá. Então a avó diz que vinha de lá com um dos pequenos no carro das vacas e trazia, dizíamos nós, as vacas assim na dianteira, porque as vacas sendo mansas a gente vinha atrás.

- "Não eram preciso ir com elas agarradas, está a perceber?"

- "E então ela vinha com as vacas e o lobo vinha atrás dela. Então o meu avô dizia que vinha para comer a criança. Se calhar não era, mas... Então dela diz que o lobo vinha. Aquilo era uma calçada e subia, não era que subisse muito, mas subia - então o meu avô diz que ela que vinha, como é que se chamava a avó?"

- "Joaquina."

- "Diz que vinha, então, e que vinha na frente das vacas. E quando tal que olhou para trás, para ver se a criança vinha bem..."

- "Criança... Se calhar 8 anos."

- "E que viu o lobo ao alcance delas, que era assim ao escurecer. Então que chegou, que deixou as vacas e que passou para trás para defender a criança. E então que batia com o pau das vacas na calçada para fazer barulho e ele que veio atrás dela até aqui onde havia gente, onde se avistava o lugar. E pronto, são assim histórias que contavam.

E depois ao chegar ao lugar sempre havia mais gente, onde se via o lugar. E eles ao lugar, que eu saiba, nunca ouvi que eles chegassem aqui."

- "Tinham medo."

- "Mas assim perto do lugar, diziam isso muitas vezes."