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"O que temos apostado muito (e temos posto principalmente os membros mais jovens do grupo a estudar também este aspecto e nós próprios vamos aprofundando o conhecimento que temos) [é] fazer reposições daquilo que nós chamamos quadros etnográficos. Pôr no palco o momento da monda, pôr no palco o momento da apanha da azeitona, procurar simular um dia de qualquer destas tarefas ou dos homens no campo a lavrar ou a cavar ou os ganadeiros, os pastores, os boieiros, a guardar o gado, os tiradores da cortiça… E já fizemos até alguns exemplares de demonstrações desta natureza, em que construímos um dia, no palco, com vários episódios. E já fizemos isso com os guardadores de gado, com os homens a tirar cortiça, com os homens a cavar, com a sementeira, a reprodução do ciclo da sementeira, a monda, a ceifa, a apanha da azeitona também. Claro que isto com alguma teatralização, com as falas que as pessoas tinham, porque temos vários documentos que nos permitem fazer isso e, portanto, fizemos pequenos sketches teatrais, chamemos-lhe assim, que são representações e reposições daquelas épocas, portanto, e conseguimos fazer espectáculos extremamente interessantes. Ou de dias de festividades como a Quinta-feira da Ascensão quando se ia para o campo apanhar a espiga, vários quadros destes já conseguimos fazer a reposição da tradição de Portalegre da Maia, no mês de Maio, com as meninas na rua a cantar a Maia, temos vários jogos tradicionais, também alguma mistura de lendas, das crendices, das rezas, já fizemos alguns espectáculos no Centro de Arte e Espectáculo de Portalegre com vários quadros destes. Claro que também com a mistura da dança, mas a dança aqui assume um papel de ombrear com as outras actividades, porque é disso que se trata, porque o grupo de folclore não repõem apenas a dança. O grupo de folclore procura representar as vivências do povo de uma dada localidade, de uma dada época. E é isso que nós procuramos fazer. Claro que não se consegue pôr num espectáculo tudo o que se fazia! É impossível. Há coisas que poderão ainda vir a ser postas em cena, por exemplo, um casamento à antiga, várias outras vivências que não conseguimos ainda, mas que são o tal salto em frente que esta comissão técnica também trabalha e que os grupos de folclore têm necessidade imperiosa de dar o salto em frente, qualitativamente, para conquistar também novos públicos e novos elementos. Porque senão a rotina é depois uma inimiga muito grande!" |