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"A vinda para o grupo de folclore, à partida, foi um desafio, como um salto no escuro, como eu dizia, mas fez-me, se calhar, o tal clique para começar a descobrir a minha própria história e começar a estudar melhor estas coisas. E, sem dúvida, hoje sou um ser humano completamente diferente do que era na altura que vim para o grupo. Por todas as razões: porque comecei a estudar de forma diferente, porque conheço muito mais hoje esta região do que conhecia, para além de ter feito largas centenas de amigos! Que isso também é enriquecedor para toda a gente. E mesmo a convivência e a interacção pessoal, nestes grupos, como noutros naturalmente, quando se convive com muita gente também nos obriga a ser seres humanos diferentes, mais ricos (…). Este grupo tem um percurso extremamente interessante. Na vivência social até aqui da cidade, do concelho e da região. Desde logo pelas largas centenas de pessoas que pelo grupo passam porque todos os anos entra e sai muita gente. Os que estão a estudar quando começam a trabalhar, muitas vezes, são forçados pela vida a sair, se vão estudar para fora são forçados a sair, mas, se eles saem, entram outros. Esta convivência e portanto o levar este conhecimento a mais gente, à partida, é enriquecedor. Depois o papel que o grupo tem no contexto cultural da cidade e do concelho é fundamental. Esta área das tradições populares é fundamental que seja preservada, que seja trabalhada, e o grupo tem dado um fortíssimo contributo – não quer dizer que faz tudo. Não, de modo nenhum, porque todos somos poucos, eu costumo afirmar que todos somos poucos para cumprir este objectivo e é reconhecidamente assim porque o tempo urge, as fontes perdem-se e é necessário que cada vez mais haja pessoas a trabalhar nisto. E, portanto, esse papel é fundamental no movimento cultural da região. Considerando que quando eu vim para o grupo o número de componentes andava na ordem dos quarenta, quarenta e cinco, hoje está para cima dos cem, com toda a renovação que acontece regularmente, é sem dúvida um factor de enriquecimento desta região. E depois os contributo para que a história de Portalegre seja escrita ou seja conhecida de modo diferente, com esta faceta que também é fundamental. Por essa razão eu bem entendo que se o grupo de folclore não existisse, este e os outros que trabalham assim, de certeza a nossa cultura seria muito mais pobre." |