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"Foi em Lisboa. Sabe porquê? Eu tive um professor de Desenho que era o Professor Casimiro Mourato da Escola Técnica de Portalegre, que é onde é agora o Magistério. E aquele professor entusiasmou a fazer recolhas. Casimiro Mourato. Sabe, o primeiro gravador (…) fui eu que o tive. E levava-o escondido numa pasta, que as pessoas não podiam ver o gravador! E então teve(?) lá acordes de música e levava, mas estava escondido na pasta! Que as pessoas se o viam, não queriam dizer nada! Olhe, recolhia de tudo! Orações típicas da região, orações aos santos(?), orações muito populares. Cantigas, versos, quadras, décimas… Eu vi muita coisa! Desde os trajos que as pessoas usavam em São Julião, onde as pessoas eram mais atrasadas era onde havia mais autenticidade nas coisas. Não quer dizer que haja um atraso nas pessoas! (…) Pessoas que não sabiam ler nem escrever, não eram influenciadas por coisa nenhuma. E no Reguengo, na Urra e no resto das freguesias do concelho de Portalegre. E depois aqui. Mas aqui era já mais difícil porque (…) sabiam já ler e escrever. Percebe? [Catarina Tapadinhas: Fazia os desenhos. Punha num papel, tinha jeito para o desenho. E fazia os desenhos no papel, levava uns cadernos grandes. Fazia os desenhos, tirava os desenhos das roupas. Depois mandava-se fazer…] [As danças] fazia um desenho com os passos. Quer dizer os passos atrás… Era um boneco. Os passos rodados era uma roda. Era assim que se fazia. Era com desenhos. Aí é que está a história. Muitas vezes, suponha que era a senhora a quem eu ia pedir a moda de saias: não se dizer às pessoas aquilo que não se gostava! (…) Gravar tudo e depois eu só pegava naquilo que entendia. Percebe? Muitas vezes cantavam coisas… Uma vez em São Julião um homenzinho tinha estado na tropa na Figueira da Foz e a cantar coisas da Figueira. Tinha estado lá! Mas eu não disse ao homem que não era. Eu aproveitava aquilo que eu queria, que eu entendia... As coisas que realmente tinham interesse." |