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"Aí, nós, o Sr. Vidal (que trabalhava aqui no Banco Pinto & Sotto Mayor, aqui junto ao Café Alentejano) era aqui pessoa que frequentava muito o bairro e ele começou a entusiasmar-nos e daí nós (começamos) a pensar em comprar roupas e ele… Mas, pronto, depois também não havia sala para ensaiar. Fomos ao encontro da Câmara e a Câmara cedeu-nos onde era um casão, onde hoje é o Centro Cultural, aquilo eram uns casões velhos, chovia lá. Muitas das vezes eles a ensaiar tinham que se desviar de um determinado local para o outro. Aquilo era cimento, mas era a única coisa que tínhamos para poder ensaiar. Fomos ensaiando, começámos então a adquirir a roupa que fazia falta e também nós tínhamos dificuldades – não tínhamos dinheiro, as entidades também não nos podiam ajudar. Fomos para o banco: levantava eu o dinheiro (era levantado em meu nome), o Carlos Fabião Vintém era ao fiador, noutras era eu o fiador e o Carlos Fabião levantava. De maneira que só assim foi possível a gente conseguir fazer aquilo que fez naquela altura, porque a época era muito crítica e havia muita dificuldade e as entidades oficiais pouco ajudaram. Nós tivemos também duas pessoas amigas, uma foi o Sr. Hermínio Garcia de Castro (que ainda hoje existe o estabelecimento), nós chegámos a dever lá trinta contos, naquela altura, e íamos pagando à medida que podia ser que era [interrupção de som] que assumíamos a responsabilidade. Outro era uma casa de calçado, que era sapataria, que era o meu pai que tinha uma sapataria na rua da Cooperativa e nos fornecia o calçado e a gente pagava quando podia. De maneira que só assim foi possível a gente conseguir organizar e fazer avançar o grupo." |