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"Porque em casa do Álvaro Parreira era a oficina, ali é que se… As senhoras, as vizinhas, aquela gente e eu mais o Álvaro (porque a minha profissão inicial era alfaiate, depois fui para Arronches estive lá estabelecido. Depois venho para a minha terra outra vez, e depois é que entrei para a Câmara e aí é que segui a carreira da fiscalização). E então como sabia trabalhar em alfaiate ajudava o Álvaro também: eu a trabalhar e ele e as senhoras a fazer a roupa das raparigas. Depois não tínhamos onde guardar a roupa. Eu, como estava na Câmara e quase durante muitos anos, muitos, muitos, eu é que era quase o chaveiro da Câmara. Eu era fiscal mas, além de ser fiscal, tinha lugar próprio na secretária. Eu acumulava funções de escrivão da execução fiscal. A Câmara tinha um tribunal privativo das dívidas que não eram cobradas à boca do cofre e eu fazia parte como escrivão desde ‘66 até há data que me aposentei, exerci sempre de escrivão. Mas depois tinha outras missões dentro da Câmara e, além disso, tinha a chave dos Arquivos da Câmara (só em ‘97, quando me vim embora, é que as entreguei ao Sr. Presidente). Eu sabia que havia lá em baixo, no Rossio, nos altos onde hoje é um bar dos toureiros… Como é que se chama? Lá dos que agarram os bois… Por baixo das casas de banho… Forcados! No primeiro piso funcionou uma casa da criança onde davam alimentação a garotos e estava vago – aquilo era um sobrado. E eu pedi à Câmara, andei, andei, andei e depois conseguimos a chaves e aí é que foi durante muito tempo a nossa casa – primeira. A primeira! Para ensaiar ali em cima, mas para guardar as coisas foi aí. Aqui, neste local, funcionou a estação da Emissora Nacional para transmissões. Quando saem daqui, eles vão para a Serra de São Mamede pôr as antenas. Aí (eu sabendo que eles iam sair e sabendo que a Câmara – isto era da Câmara, o edifício) comecei a mexer as coisas dentro da Câmara e conseguimos, naquela altura, então darem-nos aqui esta sede. Esta sede, quando aqui se instalou, ainda era eu que fazia parte da Direcção. Aí já… Depois acho que foi já um ano e tal, quase dois anos, foi quando eu fui embora para cima, lá para o Atalaião, e deixei então de fazer parte aqui do grupo mas, ainda é com muito gosto que vejo o grupo" |
{loadmoduleid António Lagarto}