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"O primeiro que me distribuiu foi um flautim (que era assim uma flautinha assim pequenina e coisa (…)). Eu já contei a história, mas agora para ficar mais completo, vou contá-la novamente. No dia em que me distribuíram esse instrumento a minha alegria era tanta de querer ser músico e não sei quê, o entusiasmo e tal! [Risos]. Quando cheguei debaixo do Plátano que era a grande lá em baixo, vocês sabem qual é? Cheguei aí, sentei-me, armei o flautim (acho que era de duas partes ou coisa assim) (…) e aí dei as minhas primeiras assopradelas. Daí a pouco tempo, como a banda, nessa altura, estava fraca, tinha poucos elementos e havia falta de clarinetes e o Sr. Luís Pathé, mestre, mudou-me então para clarinete. De flautim para clarinete. Por aí fui andando. Como a banda tinha poucos elementos havia necessidade de fazermos depressa, não é? E eis a razão, confesso, eu ajudei muito a banda, toquei muito na banda, mas tenho que dizer que não fui um grande músico. Tenho que dizer isso mesmo, porque não fui um grande músico, embora… Porque não tinha os conhecimentos, não tive o tempo suficiente para ter os conhecimentos para ser um grande músico. Para ser um grande músico é preciso saber solfejar excepcionalmente, não é? Põe-lhe um papel na frente tatata tata e toca a vir para a frente! E eu não era capaz porque não tinha, realmente, aqueles princípios e tal. Mas tinha um belo ouvido naquela altura! O que não tenho agora. Ouvia as coisas, uma, duas vezes, à terceira, mais ou menos, já ia para a frente. E tenho a consciência (mesmo sendo um músico fraco) que ajudei muito a minha querida velhinha [termo que usa para designar a Banda]" |