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"Portanto começando mesmo, mesmo pelo princípio: eu fui aprender música para a Banda Euterpe por intermédio do meu tio Manuel que era sapateiro. E eu gostava muito de música! [Risos] O tio Manuel, que era sapateiro, gostava muito de música. E então antes de mim já o meu irmão tinha vindo para a banda, tocava trombone e tal, mas depois apareci eu (não sei, já não posso saber). Sei que antes de mim foi o meu irmão e quando eu vim aprender acho que o meu irmão ou estava ou já não estava (que ele depois foi para a tropa, para a Abrantes e tal e deixou de estar cá em Portalegre) e então o meu tio Manuel, que gostava muito de música, por força eu havia de vir aprender a música! E a minha mãe não devia ter posto obstáculos, não é? Mas como nós, nessa altura, infelizmente éramos pobres (e somos hoje ainda, mas naquela altura éramos mais) e o meu tio Manuel, pronto, ficou-se a pagar a cota. Porque cada aprendiz que vinha para a banda teria que pagar uma cota (e mais umas coisas) naquela altura era em dinheiro antigo – quinze tostões ou vinte e cinco tostões. [Risos]. Era assim. (...)Dez anos. Tinha dez anos. E, se calhar, talvez ainda antes (…) para aí uns dez anos, mais ou menos (que eu depois fui para a Escola Industrial e tal e não me recordo bem dessa coisa). Agora tem… Tem quanto? Tem cento e quarenta e nove anos, [a banda] não é verdade? Eu estive quase setenta e dois, foi quase metade, não foi? Portanto nestes setenta e dois anos andei nesta metade da Banda Euterpe a tocar por todo o lado!" |