Inventário PCI

O Pedro e o Conde

Mora

"O Pedro e o Conde" -  Pedro é um menino que tem o mau hábito de mentir, mas o seu patrão tem uma estratégia para fazer a verdade prevalecer.

Maria Augusta; Mora; Concelho de Mora, Évora

Registo 2007.

Classificado segundo o sistema internacional de Aarne-Thompson: ATU 1920 J  Ponte Reduz a Mentira.

 

Classificação: Paulo Correia (CEAO/ Universidade do Algarve) em Julho de 2007.

Transcrição

Pedro e o Conde

 

Era o senhor conde. E um dia o que é que se lembrou?

Conde – Ando aborrecido de viver sozinho. Vou arranjar um rapazito pa' andar comigo a passear.

Naquele tempo não havia automóveis. O que é que ele faz? Vai à próxima vila, ali às Brotas, e então encontrou um rapazinho chamado Pedro. E disse-lhe assim:

Conde – Como é que tu te chamas, meu menino?

Pedro – Eu chamo-me Pedro.

Conde – Atão... Tu queres ir pa' meu criado?

Pedro – Não, senhor. Não quero.

Conde – Vai, que vais muito bem! Comes, bebes, andas sempre mais eu. Deixas de andar assim tão pobre, tão mal arranjadinho. Anda, vem comigo!

O rapaz começou a pensar: " 'pera aí! Eu se calhar faço bem". E aceitou. Foi-se embora mais o Senhor Conde. Mas atão o moço tinha um grande defeito! Era muito mentiroso!

Um belo dia, andava a passear mais o patrão ali por um grande vale e disse para o patrão:

– Ó patrão! De manhã, vim passear aqui. E vi aqui sete raposas! Neste vale.

O patrão calou-se. Andaram mais à frente, disse-lhe o patrão assim:

– Ó Pedro! Olha que nesta herdade há uma ponte. E essa ponte tem um condão. Quem mentiu já neste dia, quando chegar e pisar a ponte, a ponte abre-se! E a pessoa vai pò fundo e morre!

E o rapaz ficou... Pensou: "'pera aí"!

Dali um bocadinho voltou-se pò patrão e fez assim:

– Ó patrão! Não eram sete raposas! Eram só cinco!

Conde – 'Tá bem.

Lá mais pra diante torna o patrão a dizer-lhe:

– Ó Pedro! Olha que já não vamos muito longe da ponte...

Mais um bocadinho, disse para o patrão outra vez:

– Ó patrão! Não eram nada cinco raposas! Eram só três!

Conde – 'Tá bem, pronto.

Quando iam já mesmo a chegar ao pé da ponte, disse-lhe o patrão assim:

– Olha, Pedro! Olha a ponte!

Ele voltou-se com uma grande liberdade e disse para o patrão:

– Ó patrão! Nem eram sete, nem eram seis, nem eram cinco, nem era nenhuma! Eu nem vi raposa nenhuma!

Ainda hoje lá vivem! E a mentira foi à vida! Portanto, vale mais uma verdade que trinta mentiras. É assim. A primeira 'tá terminada.

 

Maria Augusta, 75 anos, Mora, (conc. Mora), Junho de 2007.

Caraterização

Identificação

Tradições e expressões orais
Manifestações literárias, orais e escritas
O Pedro e o Conde
1932
Maria Augusta

Contexto de produção

Contexto territorial

Mora, Casa da Cultura de Mora
Mora
Mora
Évora
Portugal

Contexto temporal

2007
Hoje sem periodicidade certa. Encontros informais e iniciativas do Município de Mora e escolas

Património associado

Transmitidas aos serões, em quotidianos de trabalho e lazer.

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
ativa
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão

Contadores de histórias participam em iniciativas do Município de Mora. São convidados para participar na inicativa Palavras Andarilhas. Vão a escolas, lares e bibliotecas. Participam em iniciativas do Fluviário de Mora e da Casa da Cultura. Destacam-se as seguintes actividades desenvolvidas desde 1999:

- Encontro de Contadores e Histórias - 1999 a 2005

- Ti Tóda - Conta-me eum conto, estafeta de contos - 2001 a 2004

- As lendas vão à escola - 2005

- O Talego Culto - 2007

- O Talego ambiental - 2007 a 2008

- Comunidade do Canto do Lume

Idioma
Português

Equipa

Transcrição
Maria de Lurdes Sousa
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL