Inventário PCI
Sesimbra
"Barco à Deriva" - Poema a Portugal que compara o país a uma embarcação.
Manuel Chochinha, Sesimbra, Registo 2008
Transcrição
Barco à deriva
Andamos perdidos
Sem futuro risonho,
Sentimo-nos feridos,
Sem termos um sonho.
Somos comandados
Sem ter comandante.
Ficamos parados,
Não vamos avante.
Porque o nosso arrais[1]
Já está em desnorte,
Não remamos mais:
Rolamos à sorte.
Estou num navio
Em cima do mar,
Ao vento e ao frio
Mas sem navegar.
Este vendaval
Está enfurecido.
Lá se vai o mal,
É barco perdido.
Já não há fateixa[2] ,
Não temos amarra.
Abre-se uma brecha
E tudo se apaga.
Tento remendar,
Abre o batedouro[3] .
Mas não vou chegar
Ao ancoradouro[4] .
Puxei a jangada
Para me salvar.
Eu já não sou nada
Em cima do mar.
Senti-me com fome,
Fiquei moribundo.
Já perdi o norte,
Não pertenço ao mundo.
A quem de direito
Mando este recado:
Mas foi por defeito
O meu barco virado?
Ao morrer na areia,
Pobre e infeliz,
Deu com maré cheia
À costa, o meu país.
[1] Profissional da marinha mercante.
[2] Espécie de âncora para fundear pequenos barcos.
[3] Forro que protege a vela, no embate com o arco da gávea.
[4] Lugar próprio para ancorar.
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Actividades promovidas pelo Município de Sesimbra, Biblioteca Municipal e Museu Municipal.
Comunidade piscatória da Sesimbra.