Inventário PCI
Alenquer
"Cantiga de Folheto de Cordel" - Cantiga de folheto de cordel sobre um menino que morre ao tentar coser as folhas de uma árvore na tentativa de salvar o seu pai da morte.
Celeste Alexandre, Ano de Nascimento 1930. Pereiro de Palhacana. Alenquer.
Cantiga narrativa de folheto de cordel
Transcrição
Cantiga de folheto de cordel
"Havia uma criança
Teve a leal lembrança
Que eu agora vou contar
Muito embora pequenino
Ele tinha muito tino
E era raro brincar[1]
A história, eu sei que a criança foi, subiu acima da árvore… Sei mais contar a história do que sei dizer os versos. A criança subiu acima da árvore e o pai estava muito doente. E ele ouviu o médico dizer para a mãe que o pai estava muito doente. Quando as folhinhas caíssem da árvore, que ele era capaz de morrer. Que naquela altura diziam que quando as pessoas estavam com doenças nos pulmões, ao cair da folha morriam.
E então o rapazinho ouviu aquilo, o que é que ele fez? Subiu acima da árvore com um carrinho de linhas e foi prender as folhinhas da árvore, que era para o pai não morrer. Subiu acima da árvore a prender as folhinhas e caiu da árvore abaixo. A mãe procurou… Essas coisas é que eram os versos de… A mãe, quando começou a chamar, o rapazinho caiu cá em baixo, desmaiado. E depois o menino quando estava quase a morrer disse para a mãe:
- Eu subi àquela árvore não foi para ver um ninho, foi para salvar meu paizinho. E agora eu morro mas salvei o meu paizinho.
[1] Estes versos foram atribuídos ao poeta popular João de Sousa, e cantados pelo fadista Júlio Duarte (? - 1943) nos anos 30/40. Ver letra registada em anexo.
Anexo
Ingenuidade
Um dia uma criança
Teve a genial lembrança
Que aqui lhes vou contar
Muito embora pequenino
Ele tinha muito tino
Mas era raro brincar
Havia no seu quintal
Uma árvore e por sinal
Um melro fez lá o ninho
E lembrou à criancinha
Com um carrinho de linha
Trepar lá acima sozinho
A mãe bem o procurou
Porém não o encontrou
E após tê-lo chamado
Então um grito ela ouviu
O garotinho caiu
Cá em baixo inanimado
Prestes a deixar o mundo
O garoto moribundo
Com a palidez do mármore
Disse: Não foi pelo ninho
Foi pra salvar o paizinho
Que subi àquela árvore
Ainda me lembro bem
Do doutor ter dito à mãe
Que com custo a prevenia
Que quando as folhas caíssem
E a nossa árvore despissem
O meu paizinho morria
Por isso levei as linhas
Prás prender bem prendidinhas
E todas elas atei
Ele agora já não morre
Anda, vai-lhe dizer, corre
Que eu morro mas que o salvei
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Histórias partilhadas nos tempos de lazer e em festas e romarias. Actividades promovidas pelo Município.