Inventário PCI

O rico e o pobre

Poetas Populares de Grândola - Vídeo Poesia Popular.

“O rico e o pobre”- Sobre as desigualdades e injustiças sociais.

Paulatino Augusto; Ano de nascimento: 1929; Concelho de Grândola.

Registo 2007.

Décimas.

Quadra (mote) seguida de uma glosa em 4 décimas (em redondilha maior).

Classificação: Proposta por Paulo Correia (CEAO/ Universidade do Algarve) em Julho de 2007.

Transcrição

O rico e o pobre

 

 

«Para que no mundo haverá?

Há tanta desigualdade

o pobre de fome morrer

e o rico sempre à vontade.

 

No nascer somos iguais,

no morrer tal e qual.

‘Tarem(1) tantos a viver mal,

mas todos com os mesmos sinais.

 

Digo a vocês e a outros que mais

e até falo para mim, sei cá

todos temos que ir pra lá

para a nossa terra sagrada.

Uns com tanto e outros sem nada,

porque é que no mundo haverá?

 

Feitos da mesma matéria

somos todos com certeza.

Uns com tanta riqueza

e outros com tanta miséria.

 

É a palavra mais séria

é mais séria que a verdade.

Andam tantos de má vontade

pelo mundo a sofrer.

Por isso não devia de haver

tanta desigualdade.

 

Se o rico pensasse bem

Isso do ser bem, bem pensasse,

porque se o pobre não trabalhasse

o rico não era ninguém.

 

O rico tem mais de cem.

Riqueza a apodrecer.

Mas do pobre não quer saber

só o vai é espicaçando.

O rico sempre gozando,

o pobre de fome a morrer.

 

Se eu mandasse no destino,

no destino pudesse mandar,

todo o rico tinha que trabalhar

juntamente ao Paulatino(2).

 

Talvez que houvesse mais dinheiro

não havia tanta maldade

e nem tanta falsidade

se acabasse com essa baralha(3).

Mas à custa de quem trabalha

o rico ‘tá sempre à vontade.»

 

Paulatino Augusto, Grândola, 2007

Glossário:

(1) ‘Tarem – abreviatura oral de “estarem”.

(2) Paulatino – o autor.

(3) Baralha – confusão.

 

 

 

 

 

 

 

Caraterização

Identificação

Tradições e expressões orais
Manifestações literárias, orais e escritas
O rico e o pobre
1929
Paulatino Augusto

Contexto de produção

Comunidade - Poetas Populares de Grândola

Contexto territorial

Biblioteca Municipal de Grândola
Grândola
Grândola
Setúbal
Portugal

Contexto temporal

2007
Actualmente sem periodicidade certa. Encontros informais e iniciativas do Município de Grândola.

Património associado

A poesia alentejana de Grândola era dita em festas, feiras, locais de entretenimento e principalmente em tabernas.

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
ativa
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão

Poetas populares em iniciativas esporádicas do Município de Grândola. Em Grândola, vários poetas populares participam na iniciativa Rota das Tabernas (16ª edição em 2010) realizada em Junho.

Existem vários Encontros de Poetas Populares, nomeadamente em concelhos do Alentejo e do Algarve.

Idioma
Português

Equipa

Transcrição
Maria de Lurdes Sousa
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL