Inventário PCI
Torres Vedras
"Os assobios" - Sobre a importância do assobio no trabalho do campo e a forma de chamar os animais com diferentes assobios.
Georgino Rodrigues, Ano de nascimento 1948,A-dos-Cunhados, Torres Vedras, Registo 2010.
Transcrição
Os assobios
No campo também se cantava. Cantava-se e assobiava-se. Ainda me lembro. Havia muita gente a assobiar no campo. Assobiava-se várias, porque já andava uma pessoa sozinha aqui, outra acolá… Às vezes até se desafiavam em assobio. Eu lembro-me ainda de um a assobiar acolá e um assim: espera lá que eu agora vou-te cantar esta, vou conseguir ultrapassar… Chegou a fazer-se isso em assobio.
Hoje ainda temos os pastores, alguns, e dão um [assobio]: dá cá a volta, vai lá! Dá cá. É ou não é? Os pastores ainda vão assobiar. E aos bois também, assobiava aos bois: anda cá ao rego: [assobio]! Mas há realmente assobios e palavras que se dizem ao gado, aos bois: anda cá, vira cá, ó! Ó formoso, ó galante! Lá vou eu! Aquela voz dos lavradores que, realmente… Coisas tão bonitas e tão antigas e que se perdem, não é? Era muito bonito. Todos [os animais] se chamavam, todos tinham nome. Havia uma maneira de chamar. Cró-cró, cró-cró, cró-croc! A gente fazia isso às galinhas e elas vinham atrás de nós, não era? Pi-pi-pi-pi-pi-pi! Cró-cró-croc! Cró-cró-croc! E elas vinham atrás das pessoas. Os homens que andavam a lavrar tinham maneiras de chamar o gado, os bois, e de voltar. Volta cá ao rego, anda cá! Tinham muitas maneiras. E os animais entendiam, hã? Olha que os animais sabiam a pessoa. Sabiam! Eles faziam aquilo e depois outra vez assim com o braço e eles sabiam: volta cá – e tal. Os gajos, como eles sabiam…Até parece impossível como os animais conheciam os donos a falar com eles.
Georgino Rodrigues ,2010, Maceira,Torres Vedras
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Encontros em festas e actividades promovidas pelo Município e Junta de Freguesia