Inventário PCI
Sobral de Monte Agraço
"O cantar dos animais"- O que dizem os animais ao cantar, denunciando a riqueza ou a pobreza em que vivem.
Delfina Cunha, Ano de nascimento 1938, Fetais, Sobral de Monte Agraço.
Transcrição
O cantar dos animais
Esta foi a minha avó, a minha grande amiga avó, que me contou. Primeiro era o galo do Augusto Silvestre, que era rico, e era o galo do Manuel Silvestre, que também era rico, que eles eram irmãos. E era o coquicho do João Fidalgo, que ele era fidalgo era de alcunha, porque ele era pobrezinho como Job, coitadinho. E era o cão do Zé da Leonor. E era a vaca do Justino Eslau, mas toda a gente lhe chamava era o Justelau. O primeiro galo cantava assim:
- Há por cá muita fartura!
E o outro galo, do irmão do rico, dizia assim:
- Tanto por lá, como por cá!
E depois o coquicho do fidalgo era pobre, coitadinho… Um coquicho, sabes o que é um coquicho? Não tem muita força para cantar! Dizia assim:
- Triste de mim! -era o coquicho a cantar.
O cão do Zé da Leonor… (Eu não havia de rir-me!...) O cão do Zé da Leonor, que era pobre e tinha fome, dizia assim:
- Fome, fome, fome, fome, fome, fome!
E a vaca do Justelau, que estava lá na abougaria, ouvia os outros a barafustar. Tinha uma choca ao pescoço; abanava a choca e dizia assim:
- Quem tem, tem; quem não tem, não tem… Quem tem, tem; quem não tem, não tem…
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Em eventos culturais, excursões e actividades organizadas pela junta de freguesia ou município de Sobral de Monte Agraço