Inventário PCI
Relato sobre ida a uma suposta bruxa adivinha e testemunho de uma feitiçaria.
Crenças / rituais de espiritismo (incorporação mediúnica)
Transcrição
- "Aqui no sítio do monte há uma capelinha da Senhora da Encarnação. Um sítio com um recinto bom, um parque muito bom de merendas. E, no verão, nós e a nossa família, muitos amigos, todos os meses íamos lá passar o dia, fazer um piquenique. E um belo dia um dos nossos amigos - até é um cunhado do meu filho - já tinha feito a fotografia áquilo e veio-nos dizer. Nós fomos todos ver para acreditarmos.
Portanto, muito perto do recinto onde a gente estava, passava um riozinho de água canalizada e estava então ali uns ramos, uma coisa muito bem feita, com muita fruta de todas as qualidades. Tinha ali fruta de todas as [qualidades], muita coisa que ali estava, mas fruta boa, ali assim. E tudo de fresco, de pouco tempo, que ele até fez a fotografia.
Depois diz que aquilo estava ali muito tempo, mas depois que desapareceu. Que ele depois passado um tempo foi lá ver, disse que aquilo que ainda lá estava. Depois que se esqueceram e que aquilo desapareceu.
E nesse sítio, naquele mesmo sítio, mais para dentro um bocado, debaixo de um penedo, também já antes tinham lá visto qualquer coisa. São pessoas crentes em estas coisas. Mandam-lhes fazer essas coisas para aquilo correr bem e vão fazer.
Pois é assim: quem vai às bruxas e acredita nelas, faz o que elas mandam. Às vezes têm despesas loucas. Quem se mete nas bruxas desgraça-se e [elas] iludem as pessoas.
Eu, uma vez uma pessoa pediu-me para eu ir com ela a Barcelos, a uma dessas senhoras que adivinhava tudo, por causa de uma pessoa que tinha morrido, que dizia que andava por aí, não sei quê, que até andava a tentar o filho e tal. E ela pediu-me para ir com ela e eu fui. Eu fui, mas eu nunca acreditei muito nessas coisas. Mas foi muito bom ir, que nessa altura é que eu não acreditei mesmo. Haverá outras coisas com mais poder do que aquilo, vá lá.
Estava ali uma mulher, fez uma perguntas, que ela queria saber as perguntas. Eu não respondi. E então a outra é que queria saber o que se passava e disse-me assim a mim:
«- Falo eu ou fala você?»
«- Olha, fala tu.»
«- Fale você, que você já a conhece há mais tempo, é mais velha, sabe mais.»
Demorou a ficar assim quase a dormir, depois começou a estrebuchar e depois com uma voz a disfarçar um bocado a voz falou como era a pessoa que tinha falecido. E eu quando ouvi a voz, disse assim:
«- Ai, meu Deus.»
E eu depois fiz uma pergunta a essa pessoa. E essa pessoa deu-me uma resposta que eu sei que não era daquela pessoa, aquela resposta. E eu disse-lhe assim, que elas depois perceberam em mim:
«- Tu eras tão boa, uma pessoa tão católica, tão religiosa, uma pessoa tão boazinha e agora andas neste mundo a fazer mal? A prejudicar o teu filho? O teu filho diz que te vê. Anda incomodado. Incomoda-nos a nós todos.»
«- Eu era tão religiosa, ai sim.»
E pouco mais me disse. (...) E depois perguntou-me uma outra, não foi a que se finge de defunta, foi a outra:
«- Você não quer crer nisto?»
«- Não.»
«- Pois então não devia ter vindo.»
«- Mas vim. Eu quis vir para ver melhor ainda, para ficar mais ciente do que isto é.»