- "Distribuíamos os papéis por todos. E tínhamos lá um que lhe chamavam o Pé Leve. Era uma pessoa muito cómica. Ele era engraçado como tudo. Mesmo fora do teatro. Há passagens, mesmo fora do teatro, engraçadas. 

Então tenho lá uma que é só uma peça, uma pequena peça de teatro, em que era ele e mais uma rapariga e mais uns dois ou três rapazes. Mas eles é que faziam a parte principal.

[A história da peça era que] ela gostava dele, mas ele nem por isso, nunca lhe ligou assim grande coisa. E o homem ficou assim muito preso porque lhe desapareceu a carteira. Então começou a andar, a lidar mais [com] ela a ver se ela lhe descobria a carteira. Até que aconteceu isso. Ela arranjou-lhe a carteira, apareceu com a dele. Apareceu com a carteira e diz-lhe assim ela:

«- Olha, tu, se eu encontrasse a carteira, gostarias mais de mim?»

E ele disse: 

«- Gostava.»

«- E casavas comigo?»

«- Casava! Então não haveria de casar? Casava contigo.» - o que ele queria era a carteira!

De maneira que ela então puxou pela carteira:

«- Pega lá que eu já encontrei a tua carteira»

Ele ficou todo contente. E dizia-lhe [ela]:

«- E agora como é, casas comigo ou não?»

«- Vou casar contigo!»

Ela então cantou-lhe uma cantiga:

Assim foi a minha sorte

Eu com o Alfredo casar

Pela minha habilidade

Da carteira lhe encontrar.

E terminava aquela [cena], havia o casamento e tal. 

Mas depois o Zé do Curro, como ele gostava também de [improvisar], no final quis ele também cantar. E então dizia-lhe ele assim:

Foi a minha sorte

Eu com a Zira casar - que a mulher dele chamava-se Auzira

Pela minha habilidade

Daquela coisinha lhe encontrar. [Risos]

- "Ele improvisava, ele era um improvisador."