Inventário PCI
Relato folhetos cantados para carpir a morte de uma mulher morta por ciúmes
Testemunhos orais sobre a prática popular de leitura (cantada) de folhetos de cordel.
Transcrição
– Era o tio Vidal.
– O meu tio.
– Que era tio dela.
– O meu tio é que contava essas histórias e que vinha à feira...
– Por acaso sabia muita coisa e tinha muita graça a contá-las.
– Ia à feira comprar o bácoro para criarem, para a (Marel?) matar o porco. E ele ia a pé. Era em Insalde, é uma hora de caminho a pé de sair à minha freguesia a Insalde. E ali eu ia também para tanger o bacorinho. Eles estavam a cantar num (pocinho?), numa freguesia perto da nossa, de Insalde, não era assim muito longe.
Tinham lá matado uma moça. E depois estavam a cantar estes folhetos e davam-me, mas eu até chorava e não queria saber. Tinha dois filhos já no cemitério. Eu até fugi, fui-me embora. Digo: «Eu vou-me embora, ainda mato mais estes e já estão lá dois.». E fui-me embora e não quis saber de mais nada.
Ela tinha um namorado e depois outro também a queria, mas não podia ser para dois, tinha de ser para um. E depois o outro esperou o outro, o outro teve de fugir a galope se não ele matava-o. Com uma enxada, matava-o. E foi muito triste. Ele matou a moça com ciúmes, porque ela namorava com outro e queria outro. Ele também a queria. Ele pegou e saiu e matou-a.