Inventário PCI
Relato sobre a compra da ilha do Conguedo e a motivação de o fazer – salvar os filhos de irem combater para a guerra da América do Sul.
História de vida (tempo das guerras de independência das colónias ibéricas na América do Sul)
Transcrição
- "A história, foi o avô do Manuel, que foi comprar o Conguedo a pé, a Lisboa."
(...)
- "Seria avô ou já bisavô?"
- "Era o meu bisavô."
- "Que se vestiu de pobre, vestiu assim uma roupa [velha] e foi por aí abaixo. Levava a massa com ele, porque naquele tempo não havia os bancos como há hoje."
- "A moradora, com aquela roda do morador. Foi ali antes de Lisboa, como é que se chama uma vila que há ali? (...) Alenquer.
Então o meu avô, eles eram desta freguesia aqui em frente, de Baldráns (...). E então ele, para safar os filhos das guerras da América do Sul - naquele tempo andava tudo em guerra, também, pelas independências - ele passou-os para aqui. Comprou aqui a Quinta do Paço, uma quinta com capela, que era dos Pereira de Castro, a família dos Castros. (...) E depois foi comprar a ilha do Conguedo, então foi lá a Alenquer comprar.
Então os filhos, passou-os para cá e batizou-os aqui. Ao estarem batizados aqui já não podiam ir à tropa lá. Só a filha é que a batizou lá em Baldráns.
Ele era contratador de gado. E vivia-se bem, ai no Paço. Por exemplo, as seixadas do Conguedo eram famosas. Havia sempre uma concertina ao fim da seixada e grandes farras que se faziam. E ali no Paço havia muita pesca, eram todos pescadores os meus tios-avôs. Eram todos da caça e da pesca, o meu avô inclusivé."
- "E havia peixe no rio. Hoje não há nada."
- "Havia peixe. Viviam bem. Naquele tempo quem tinha muitos terrenos - e, portanto, eles - viviam bem."