Inventário PCI
Contos sobre feiticeiras
Conto / lenda de bruxas (Boggs *746 O marido da bruxa; ML 3045 Following the Witch) seguido de lendas de bruxas (luzes noturnas; metamorfose animal)
Transcrição
[Por cima de silvaredo e por baixo do arvoredo]
Havia uma vez um casal que ela era feiticeira. Então esperava que o marido adormecesse. E ela tinha um caco debaixo da cama. E ela ia ao caco e benzia-se e dizia ela:
- Por cima de silvaredo e por baixo do arvoredo.
E o homem via sempre que lhe faltava a mulher. Um dia fez que dormia e não dormia. Então ela fez:
- Por cima do silvaredo e por baixo do arvoredo.
Ele deixou-a sair e foi ele [imitar]. E diz ele:
- Por baixo do silvaredo e por cima do arvoredo.
Chegou a casa todo rascado, um Cristo.
Ela saiu, agarrou na vassoura dela e foi voar. E ele ouviu e disse:
- Está aqui outra vassoura, vou também!
Só que ele enganou-se na reza e disse ao contrário. Diz que chegou a casa como um Cristo. (Risos)
[As feiticeiras]
O meu tio Silves mora ali naquele lugar que (...) Então à noite pôs-se na janela e via-se aqui um [can]tinho de Vila Verde. Então dizia que via ali umas luzinhas. Então que diz ele da janela:
- Ai, putas, já aí andades?
E nisto mandaram-lhe um pente para a janela, dizia ele, contava ele. Por ele dizer isso.
Contava a minha avó que o pai dela saiu à janela de noite. Estava na Cumieira, Quintela.
[Para] as feiticeiras:
- Filhas da puta, se vão daí! - Que o mijaram todo!
Lola, não foi ao seu pai que lhe entraram os gatos para o inferno do moinho? Conte, que essa também é interessante.
É que ele morreu. Não sei de onde vinha. Eu era pequena. Ele morreu, tinha eu 12 anos. E ele a passar num sítio que diziam que andavam as feiticeiras, viu muitos gatos. E foi atrás deles. E meteram-se por baixo do moinho, os gatos. E ele foi ver. Molharam-no todo. Saiu dali, tirou o (...) campo que era dele. Sentou-se. Estava enxuto, mas com o medo quase morre. Morrer, morreu depois com doença, não foi com o enchumaço. Que ele contava isso, contava.