Inventário PCI
Canção sobre Maria, que enganada por José se decide vingar, cantada de cor, de um folheto vendido na feira.
Romanceiro (IGR 0172 Veneno de Moriana); estrófico (redondilha maior)
Transcrição
- "Esse dos folhetos que vocês falavam, que andavam a vender nas feiras. Tinha muito. Pelo menos dois sabia. Talvez um ainda saiba, mas outro não.
O que tens ó minha filha, vejo-te sempre a chorar?
- Que hei de ter ó minha mãe, hoje o Zé vai-se casar.
- Bem te disse ó minha filha, não quiseste acreditar
Que os passos que o José dava eram para te enganar.
- Deixe lá ó minha mãe, [………] que aqui estou,
Hei-de enganar o José como ele me enganou.
E de acolá vem o José em cima do seu cavalo:
- Boa tarde ó Maria, como vais e tens passado?
- Boa tarde ó José, se isto é de agradecer…,
É verdade que vais casar, que me vieram dizer?
- É verdade ó Maria, já te venho convidar.
- Espera aí um bocadinho, que o vinho te vou buscar.
Pronto, deitou-lhe lá o [veneno]. Ele começou-se a sentir zonzo.
- Que lhe deitaste ao copo, que lhe deitaste ao vinho;
Já estou doido da cabeça, já não sigo o meu caminho.
A minha mãe pensava que tinha o seu filho vivo.
- Também a minha pensava que tu casavas comigo.
Eu até guardava estes folhetinhos todos."
- "Comprava onde?"
- "Na feira. Há feira à sexta-feira. Iamos à feira. E eu sempre gostei muito, gostava de ler versos e assim. Eu pedia qualquer coisa à minha mãe para comprar os folhetinhos."