- "O meu sobrinho, esta conto-a eu porque aconteceu, tinha uma mancha aqui na cara. Eu julguei que era o herpes. Assim a pele levantada. Eu julguei que era o herpes, uma coisa que é talhada com cinza. «Que a cinza do lar anda por aqui. Pela graça de Deus e da Virgem Maria, um Pai Nosso com uma Avé Maria.». Eram estas as palavras:

Herpes sai-te daqui.

A cinza do lar anda por aqui.

Pela graça de Deus e da Virgem Maria,

um Pai Nosso com uma Avé Maria.

E eu talhei-lhe aqui isto ao meu sobrinho e eles foram passar o Natal à França, a mãe estava na França. E a mãe lá levou-o a um especialista da pele, levou-o fazer umas análises ao sangue e não tinha nada. E depois telefonou-me: «Tia Anézia, talhe-lhe a peçonha ao Olivier. Porque eu já o levei aqui ao especialista da pele, já levei a fazer umas análises, não tem nada. Talhe-lhe a peçonha e leve-o a um (…).». Porque diz que se é de macho obedece a homem e se é de fêmea obedece a mulher. Eu talhei-lha, veio então de férias, tornei-lhe a talhar com uma faca. Eu vou buscar ali uma faca. [Levanta-se e entra em casa]

[Ouve-se dentro de casa] Vá, vós não ides. Estades a ouvir? Tendes de cantar umas cantigas, Mia. Sabes as cantigas, que sabias."

[Mia] - "Não sei, que os serões não eram no meu tempo. Não sei, Anézia. Não sei, era criança."

[Volta a sentar-se]

- "Com uma faca, olhe: [Faz uma cruz com a faca]

Eu te talho e retalho (à pessoa)

Se é peçonha de peçonhão,

lagarto lagartão,

de cobra cobrão,

sapo sapão,

aranha ou aranhão,

pinto ou pintão,

toupeira ou toupeirão,

alacrau ou alacrão,

ou bicho de escorpião.

Eu te talho que não cresças e obedeças,

pela graça de Deus e da Virgem Maria,

um Pai Nosso com a Avé Maria.

Depois reza-se o Pai Nosso e a Avé Maria. A pessoa até deve andar em cima das ervas a arder. Passar de um lado para o outro.

Essa dos Lourenços, olhe, disse-me a mim: «Olhe, parece que a sua reza, parece que lhe fez bem.».

Essa do meu sobrinho eu disse-lhe: «Olha, agora tu vais a um doutino (morava aqui em baixo) e dizes-lhe que te talhe a peçonha», que eu não sabia. Também só a sabia atalhar ele e um senhor que agora está em Braga, que é pai de um doutor especialista da vista. E disse-lhe: «Tu diz ao doutino que te talhe a peçonha, mas não lhe digas que ta talhei eu.». Olhe, talhei-lha eu e talhou-lha ele, para o outro dia começou-lhe aquilo a secar. Lá vai! Secou-lhe. E a mãe levara lá na França ao especialista da pele, levou-o a fazer as análises, a tudo, tinha tudo bem. Diz: «Tia, talhe-lhe a peçonha ao Olivier, que isto é peçonha.». Fez-lhe bem!"