Inventário PCI
Manuel Carvalhal (Poeta Silvais), poesia tradicional em sextilha.
Registo no âmbito do curso "Registo de Património cultural imaterial" com a participação dos formandos. Turma de 15 e 16 de abril 2024, Évora.
Evento promovido pela Câmara Municipal de Évora.
Poesia tradicional.
Transcrição
Poeta Silvais - Alentejo terra quente
Fiz outras sextilhas que eu também gosto. Gosto de escrever em sextilhas e até dá para musicar mais facilmente, é bom. E escrevi também estas que estreei uma vez em Borba, na feira do queijo está a decorrer agora ou decorreu agora este fim de semana.
Alentejo, terra quente
e o calor da tua gente
e é das coisas mais bonitas.
O ondular da semente
e de quem ama cegamente
mescla de papoilas e espigas.
Alentejo, meu amor,
não te querem dar valor
e estás a ficar desprezado.
Não querem fazer justiça
ao azeite e a cortiça
e à qualidade do gado.
Alentejo, sofredor
e tanto filho do senhor
morreu por ti, enfadado.
Ceifando a campina ardente
mas cantando alegremente,
antas vezes esfomeado.
Alentejo é sofrimento
Da brasa ao sol em baixo o vento
que até se chama Suão.
Com aquelas baforadas,
terra agreste queimada
velho celeiro da nação.
Alentejo mal-amado
vem gente de todo o lado
fazer aqui a mansão.
Com teu mármore exportado
vem depois denominado
de Carrara, a região.
Alentejo é catacumba
para quem vive na penumbra
e manda nesta nação.
Castro Verde tem urânio, ouro e cobre
e Aljustrel é terra pobre,
com tanto minério no chão.
Alentejo sem lirismo
não te vejo no turismo
com a mesma dimensão.
Sou teu filho e podes querer
e que por ti irei morrer
com mágoas no coração.
Isto também já tem uns aninhos, tem para aí 20, é do século passado ainda…