Grande parte das modas de saias, dos descantes de casamento, das cantigas de romaria, de carnaval, de trabalho e de embalar, bem como das cantigas de feição religiosa dos concelhos de Portalegre, Alter do Chão, Arronches, Elvas, Marvão, Monforte e Nisa está preservada, quer em registo áudio, com entrevistas de várias fontes, quer escritas e já trabalhadas ou “vestidas”, para usar o termo do director artístico, Vítor Miranda.
Da recolha à integração no reportório do grupo, os temas são arranjados de modo a preservar a melodia e a utilizar informações recolhidas no local. Alguns exemplos: numa cantiga de trabalho, procura-se trazer alguma sonoridade que a identifique com a actividade, por exemplo dando alguns sons de matraquear com adufes; no caso de uma cantiga de romaria à Senhora da Estrela, dá-se um arranjo leve e de alegria e numa cantiga recolhida em Nisa chamada Corcovados, supostamente com influências francesas devido às invasões, arranja-se o final com um flautim e caixa. “Existe aqui um jogo simbólico – tentar contextualizar o tema com a informação que nos é fornecida”, conclui Vítor Miranda. É um trabalho que faz sozinho, depois do que, é exaustivamente experimentado e ensaiado. Quando não resulta veste o tema de outra forma até ser aceite e cantada pelo grupo.
Como projectos futuros, o Grupo de Cantares de Portalegre dedicar-se-á mais intensamente aos concelhos de Castelo de Vide, Crato e Gavião, trabalhando no sentido de vir a publicar o Cancioneiro do Alto Alentejo.
Prevê ainda publicar a história deste grupo, desde o fundador Semeador, até à actualidade.