Inventário PCI

Resposta a um ladrão

Montemor-o-Novo

"Resposta a um ladrão"- Quadras glosadas em décimas: o testemunho de José Rato, um ladrão, seguido de uma resposta.

Manuel Silva, Ano de nascimento 1936, Montemor-o-Novo, Registo 2012.

Poesia popular

Transcrição

Resposta a um ladrão

 

Sou um tipo inteligente

E cada vez tenho mais arte

Quando me falta o dinheiro

Vou roubar a qualquer parte

 

O meu nome é José Rato

Sou filho da Parrochinha

Daquela triste velhinha

Que até me beija o retrato

Chora quando vem o fato

Deste filho que anda ausente

Pra roubar sou um valente

E meto o corpo em grandes perigos

Pra fugir aos inimigos

Sou um tipo inteligente

 

Eu já fui pessoa séria

Muita gente me conheceu

Se todos fossem como eu

Todos conheciam a matéria

Já me governei da féria

Que ganhava em qualquer parte

Hoje não há quem me farte

Este vício de roubar

Ainda ando a praticar

Cada vez tenho mais arte

 

Roubo porcos e carteiras

A um qualquer lavrador

Até se preciso for

Eu cato-lhe as algibeiras

Roubo cordões e pulseiras

Que é um valor verdadeiro

Não preciso de companheiro

Nem tão pouco de camarada

O meu cofre é a espingarda

Quando me falta o dinheiro

 

Eu hoje não quero que haja

Posso falar mesmo assim

Um fulano igual a mim

Arrojado e com coragem

Tendo eu armas e bagagem

Roubo até um estandarte

Salto o muro dum baluarte

E arrombo qualquer prisão

Minha sina é ser ladrão

Vou roubar a qualquer parte

 

José Rato, deixas fama

O teu vício de roubar

Eras muito mais feliz

Se quisesses trabalhar

 

 

Tu bem sabes que o ladrão

Hoje é muito procurado

Está sujeito a ser varado

Com um tiro no coração

Já perdeste a protecção

E mais tarde te fazem a cama

Muita gente reclama

Mesmo sem lhe fazeres mal

Na história de Portugal

José Rato, deixas fama

 

Tu és novo e tens virtude

E nada vale o teu fugir

Se andasses a produzir

Tinhas muito mais saúde

Hoje não há quem te ajude

Todos te vão agravar

Ninguém te pode salvar

Quando for teu julgamento

Nunca perdes um momento

O teu vício de roubar

 

És tu o homem primeiro

Que foge às autoridades

Que faz barbaridades

E não é prisioneiro

Deves ir pró Limoeiro

Deves saber de raiz

Tua sorte assim o quis

Em sofrer esta amargura

Se fosses boa criatura

Eras muito mais feliz

 

Deves ter dias e horas

De grande arrependimento

Quando te pões em pensamento

Com certeza que até choras

Como tu tinhas melhoras

Era mudares de pensar

Essa vida abandonar

Que já faz um bom romanço

Tinhas muito mais descanso

Se quisesses trabalhar

 

Informante: Manuel Domingos da Silva

2012/Montemor-o-Novo

 

 

 

 

 

 

Caraterização

Identificação

Tradições e expressões orais
Manifestações literárias, orais e escritas
Resposta a um ladrão
1936
Manuel Silva

Contexto de produção

Contexto territorial

Montemor-o-Novo
Nossa Senhora da Vila
Montemor-o-Novo
Évora
Portugal

Contexto temporal

2012

Património associado

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
ativa
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão

Em eventos culturais, excursões e actividades organizadas pela junta de freguesia ou município de Sobral de Monte Agraço

Idioma
Português

Equipa

Transcrição
Ana Sofia Paiva
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL