Inventário PCI
Vimioso
"Falas 7 Infantes de Lara" - «Epopeia sangrenta, familiar (…) A história gira em torno de uma desavença familiar. Casava-se Dona Lambra de Bureba com Don Rodrigo de Lara, irmão da mãe dos infantes, Dona Sancha. Frente a frente encontram-se os familiares da noiva e os de Lara. Perante a vontade de vingança de Dona Lambra, o seu tio, D. Rodrigo, urdiu um plano de vingança enviando Gonçalo Gustios, pai dos infantes, com uma carta a Almançor, dizendo-lhe que matasse aquele que levava a carta. Mas Almançor tem pena de Gonçalo e não omata, prende-o. A outra parte do plano consistiu em enviar os infantes para a batalha contra os mouros, abandonado-os no campo de batalha, e assim aconteceu.
O momento mais impressionante do romance é quando Almançor mostra as cabeças dos sete infantes ao seu próprio pai. O seu choro, diante das cabeças dos filhos, constitui uma das páginas mais pungentes de toda a epopeia. Em Portugal, conhece-se pelo menos uma edição, de 1747, traduzida por Reynerio Bocache e impressa na “ofiicina de Domingos Rodrigues”, com o seguinte título: História nova, curiosa, e verdadeira da morte e façanhas dos Sete Infantes de Lara, com a vida do nobre cavalleiro, o Conde D. Fernando Gonsalves, extrahida fielmente das chronicas de Espanha.» http://tpmirandesp.no.sapo.pt/SeteInfantes_PagInicial.htm
Maria Vara, 1955. Vimioso
Registo 2010.
Transcrição
«Sempre te estou a chamar
e não me queres responder,
se não me queres servir,
sai diante mulher.”
E depois responde a criada:
“Minha vida é servir,
a minha i-ama acompanhar.
Farei bem o que me manda,
para melhor me pagar.”
Responde-lhe a senhora:
“Se fizeres o que eu te mando,
grande prémio ganharás,
de ir afogar meus filhos,
que tive sete e a todos não posso dar de mamar.
“Venha cá esse estareilho(?)
muito bem aparelhado.
Antes que meu amo chegue
Terei os todos afogados.
Vejo além um caçador,
que me faz a mim temer.
Se é o pai dos meninos,
que será de mim mulher?
Que trazes minha criada?
nesse grande cestarilho.
Por ventura tu me trazes
guisadinho algum coelho?
Nossa cadela pariu e
a minha i-ama me mandou
afogar os cachorrinhos,
ela só com um ficou.
Mostra cá mulher,
mostra cá a criação.
Valha-me Deus, isto é
parte do meu coração!
Ó mulher enganadora
que me querias enganar.
Querias afogar meu fruto,
que um dia me há-de consolar.
A minha i-ama me mandou
afogá-los na clara e ela me prometeu,
que não dissesse nada à seu,
um vestido azul da cor do céu.
Pois eu também te darei
vestido de grande valor.
Vai para casa e i-ama,
mostra-lhe muito amor.”
“Oh, que cansada me vejo,
que fatiga eu apanhei.
Venha o fato minha i-ama,
já cumpri o seu desejo.
Então não te viu Gonçalo,
nem nenhuma dessa gente?
Eu não vi Gonçalo,
nem nenhuma dessa gente.”
Maria Vara, Vimioso, Outubro de 2010
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
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