Inventário PCI
Póvoa de Varzim
"Diabo preso" - Relato de um ritual para amarrar o diabo.
Ti Desterra, Póvoa de Varzim, Registo 2007
Transcrição
O Diabo preso
[A minha tia] contava que às vezes, nas casas dos lavradores… – ela contava mais na casa dos lavradores, nunca me contou que foi à casa dum poveiro fazer isso.
- Aqueles lavradores, desgraçados, roubam-te à terra de noite, e os marcos[1], e depois vêm para dentro de casa! Consumir as pessoas que estão dentro de casa!
- Quem, tia?
- Ai… Olha, cachopa…
Mas eu era muito pequena! Eu não sei se teria os meus cinco anos. Não sei se teria os meus cinco anos!
- Olha, cachopa… Eu uma vez fui a casa de fulano -não dizia os nomes; não sei quem era. Não devia ser muito longe da Póvoa, mas prontos.
- E então que esteva você lá a fazer?
- Eu?! Fui lá botar milho-miúdo.
- Que é milho-miúdo, tia?
- É o painço. -que antigamente botava-se, nas papas de sarrabulho, o painço, que eu o milho partido.
- E para que é que você vai botar isso, minha tia?
- É para ele contar! Enquanto conta, não vem fazer mal aos outros que estão cá em baixo. Está fechado dentro dum quarto… O desgraçado! No outro dia entrei lá dentro e não mo queria deixar botar! Eu disse: Chega-te para lá! Vou-te botar isto para tu contares, para estares sossegado!Queres água? Eu vou-te buscar água!
A minha tia falava assim. Tal e qual como eu estou a falar, era assim as histórias que ela relatava.
[1] Expressão não identificada.
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Actividades promovidas pelo Município da Póvoa de Varzim, Biblioteca Municipal e Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim.
Comunidade piscatória da Póvoa de Varzim