Inventário PCI
História sobre uma pessoa que viu um acompanhamento na sua viagem e conseguiu distinguir várias pessoas conhecidas.
Lendas do sobrenatural (procissão das almas; presságios de morte)
Transcrição
- "Houve outro ali em Corveira, (...) que é ao lado daqui, é aí a 5 quilómetros, Corveira. E um homem saía para a França de noite, porque como não havia muitos transportes, vinha a andar até aqui à vila e depois na vila é que agarrava um táxi para o levar ao comboio a, chamavam-lhe a Frieira. Então ele saiu cedo para ir agarrar o comboio à Frieira, para se ir embora para a França. No tempo que iam para a França. (...) Ficou a mulher e os filhos na casa.
E ele chegou à França, escreveu-lhe uma carta, que não havia telefones, escreveu-lhe uma carta rapidamente - parece que era um telegrama, uma coisa que era o que faziam rápido - e disse-lhe assim: «Olha, há de morrer uma pessoa aí em Corveira. Vai morrer uma pessoa aí em Corveira. Não sei quem vai morrer, nem quando, não. Mas vai morrer. Foi um acompanhamento lá. E eu cheguei ali mesmo ao cruzamento, desviei-me para passar, para ele passar. Eu vi, quem é que ia com a cruz, quem ia com a bandeira, quem ia com as lanternas. É pessoas, conhecia as pessoas todas, as que iam no acompanhamento. Tu, quando morrer alguém, repara quem vai com a cruz e com a bandeira, que eu conheci as pessoas. As pessoas são estas e estas e estas. E tu repara se vão estas pessoas no enterro.».
E pronto, foi dali a dias, morreu lá uma pessoa. E depois ela reparou quem ia com a cruz e com a bandeira e com as lanternas. Realmente era as pessoas que ele viu! Que iam no acompanhamento. Que iam naquela multidão de gente. E ele, como se desviou, estava perto, conheceu-as. Conheceu-as. Aquilo seguiu e ele seguiu atrás daquilo, ia-se embora. Seguiu. Disse: «Bom, agora isto vai-se embora, não vejo mais.».
Mas chegou às cruzes de Vigo, chamam-lhe as cruzes de Vigo, lá há também umas alminhas e ele parou. Parou, ele, parou atrás, também. Não se chegou. Mas arrepiou-se tanto, tanto, agarrou tanto medo, tanto medo, que ele disse assim: «Ai Jesus, como é que eu vou ali para a vila? Eu agora tenho medo de ir para a vila.». Mas pronto, arretou-se e foi. Depois esperou que aquilo passasse e não viu mais. Desapareceu. Ele seguiu o caminho dele e aquilo desapareceu. Não viu mais. Porque depois não tinha mais onde parar. Seguiu, aquilo seguiu. Ele não viu mais, mas ele disse assim: «Agarrei medo para a minha vida. Agarrei medo para a minha vida.».
É verdade. E conheceu as pessoas. E foi verdade que depois iam aquelas mesmas pessoas. Aquelas mesmas pessoas no funeral."