Designação: | Cantar dos Reis |
Freguesia: | União das Freguesias de Barbacena e Vila Fernando |
Concelho: | Elvas |
Distrito: | Portalegre |
Data de recolha: |
2013 |
Inventário PCI
Cantar dos Reis – Barbacena, Elvas
Na noite de 5 de Janeiro um coro com cerca de 25 homens de Barbacena, concelho de Elvas, trajados com capote alentejano e boina cumprem a tradição do Cantar dos Reis.
O grupo desloca-se cantando de casa em casa na localidade de Barbacena. Os moradores oferecem como recompensa algum dinheiro, vinho e produtos alimentares.
Segundo testemunhos de alguns dos mais velhos elementos do grupo e dos moradores de Barbacena esta tradição já existia, pelo menos, na época dos bisavôs. Nessa altura vários grupos (com seis a sete homens) cantavam na localidade e pelos montes, só começavam a cantar a partir da meia-noite.
Em 2014 os cantares começaram ao meio-dia na Igreja à volta do presépio, depois no largo da Vila, no Lar de Barbacena, nos lares de Vila Fernando e terminam à noite num percurso pelas principais ruas de Barbacena.
Registo:União das Freguesias Barbacena e Vila Fernando, concelho de Elvas 2013.
Transcrição
Caraterização
Canto polifónico executado em grupo e sem instrumentos (cante alentejano) na noite de 5 de Janeiro por cerca de 25 homens de Barbacena, concelho de Elvas, cumprindo a tradição do Cantar dos Reis.
Vestidos com o tradicional capote alentejano e a boina, o grupo que canta de casa em casa é composto pelo Ponto, o Coro, o Falsete e o elemento que faz a Desgarrada (os elementos que fazem estas vozes vão rodando, não são sempre os mesmos).
O grupo começa por se juntar à casa de um dos moradores, o Ponto bate à porta e pergunta:
“Dá licença que cante os Santos Reis?”
A porta mantêm-se fechada e esperam a resposta. Do lado de dentro da casa o dono aceita ou não que cantem. Usualmente a resposta é positiva, só é negativa caso algum familiar tenha falecido. Segundo o testemunho de Manuel Rolhas, um dos mais idosos elementos do grupo, há cerca de sessenta anos, como existiam vários grupos a cantar, algumas famílias recusavam o segundo ou terceiro grupo.
Mantendo a porta fechada o morador aceita ouvir o cantar e o Ponto começa acompanhado depois pelo Coro. O Falsete prolonga a última sílaba do segundo verso e depois de todos os versos cantados o elemento da Desgarrada pede a esmola:
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As origens são desconhecidas, sabe-se que passou de pais para filhos e, segundo testemunhos de alguns dos mais idosos elementos do grupo e dos moradores de Barbacena, esta tradição já existia, pelo menos, na época dos bisavôs.
Nessa altura vários grupos (com seis a sete homens) cantavam na localidade e pelos montes, só começavam a cantar a partir da meia-noite. Também vestiam o capote Alentejano e usavam a boina.
Os elementos mais idosos recordam que quando começaram a cantar os reis, há mais de sessenta anos, as pessoas nunca davam dinheiro. Na altura matava-se o porco e oferecia-se os enchidos – chouriços, morcelas -, pão e queijo. Também recordam que chegou a existir um grupo feminino do Cantar dos Reis.
O grupo atual tem cerca de 25 elementos e só se juntam para cantar no dia dos Reis (nunca ensaiam). No dia da Festa de S. Sebastião em Barbacena (no dia 20 de Janeiro, se calha a um domingo ou então o domingo mais próximo dessa data) juntam-se para confraternizar, numa adega no Largo do Pelourinho, largo onde se realiza a festa depois da Procissão de São Sebastião - o leilão de fogaças, a venda dos bolinhos de S. Sebastião e o baile com a Banda Filarmónica.
Identificação
Contexto de produção
Os direitos coletivos são de tipo consuetudinário - comunidade local.
Quando os mais velhos saem são convidados os rapazes mais novos para os substituírem como elementos do grupo. Atualmente os elementos mais velhos têm entre setenta e oitenta anos.
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Procissão de S. Sebastião
Leilão das fogaças
Bolinhos de S. Sebastião
Capote Alentejano e Boina
Contexto de transmissão
Grupo do Cantar dos Reis de Barbacena
Equipa