Designação: | O Pintar e Cantar dos Reis em Penafirme da Mata |
Freguesia: | Olhalvo |
Concelho: | Alenquer |
Distrito: | Lisboa |
Data de recolha: |
2015-2016 |
Inventário PCI
O Pintar e Cantar dos Reis - Na noite de 5 para 6 de janeiro, sem ensaios ou combinações elaboradas, o grupo junta-se espontaneamente e parte pelas ruas da povoação. Os membros que vão pintar seguem à frente e, em silêncio, munidos das tintas, pincéis e lanternas pintam as fachadas das casas com os tradicionais desenhos dos Reis. Mais atrás seguem, em maior número, os cantores o coro e apontador (em Penafirme da Mata cantam em todas as casa em voz alta).
O Pintar e Cantar dos Reis tem em Portugal a sua maior expressão no concelho de Alenquer e em 2016 a celebração realizou-se em 9 povoações deste município, entre elas está Penafirme da Mata.
Transcrição
Caraterização
O PINTAR E CANTAR DOS REIS EM PENAFIRME DA MATA*
*Resumo - ver versão completa, anotada e com fotografias no PDF abaixo em "Documentação" (páginas 56-63).
Em Penafirme da Mata iniciam o percurso pelas 22h dividindo o grupo em dois para irem cantar e pintar às localidades e Casais vizinhos. Encontram-se na Quinta da Lage, um sítio central onde os donos costumam ter uma mesa de iguarias à espera dos reiseiros. É a partir deste local que se juntam num só grupo para fazer o percurso dentro de Penafirme da Mata. Na aldeia pintam e cantam junto a todas as casas habitadas e terminam pelas 4 ou 5 horas da madrugada junto às Portas do Sol onde cantam três vezes.
Todos os desenhos são feitos à mão sem recurso a moldes e as cores usadas são o azul e o vermelho. Pintam o desenho de corações floridos alusivos à composição do agregado familiar; os desenhos representativos das profissões e doutras atividades dos habitantes; as inscrições na Porta do Sol; as inscrições alusivas aos Reis - B.R (Bons Reis) e a "Era" (o ano da celebração).
O apontador desloca-se para perto da porta ou de uma janela da casa e, em voz alta, lança quadras e dísticos ao que o coro responde com versos diferentes, primeiro com quadras e no fim com uma oitava. Os versos são alusivos a três temas: o apelo às Almas Santas da casa; a viagem dos Reis Magos e a maldição da mula da manjedoura.
Fazem o peditório cuja receita serve organizar um almoço convívio ou dar uma instituição de solidariedade.
A ORIGEM E HISTÓRIA DO PINTAR E CANTAR DOS REIS*
*Resumo - ver versão completa e anotada no PDF abaixo em "Documentação" (páginas 17-24).
No século IV as celebrações da Epifania do Oriente chegam à Europa. Na Igreja do Ocidente o auto dos Magos difunde-se massivamente, auto esse que ao longo dos tempos sofre várias modificações dando origem a outro tipo de manifestações: práticas realizadas usualmente no espaço público, dirigidas por populares e que incluíam desfiles pelas ruas, peditórios acompanhados por bênçãos e versões resumidas e musicadas do auto por exemplo o Cantar dos Reis em Portugal, os Vilhancicos em Espanha e o Cantar da Estrela na Alemanha (Coelho, org. Leal, 1993; Peixoto, 1995; Weiser, 1952).
Associada à cerebração da Epifania está a tradicional Bênção do Giz (descrita no antigo Ritual Romano) - uma cerimónia que utiliza um giz abençoado para, no dia 6 de janeiro, se inscreverem as iniciais CMB ( Christus Mansionem Benedicat ) e o ano nas portas. Ritual de onde pode provir o costume de, na Noite dos Reis, se pintarem votos de felicidades à entrada das casas.
Na Península Ibérica o Dia de Reis começa a ser celebrado devido à chegada dos Frades Franciscanos e Dominicanos a este território. Este facto permite sublinhar a importância de Alenquer no processo de difusão desta celebração. Em Portugal, foi na região do concelho de Alenquer que estas Ordens foram primeiramente acolhidas entre 1212 e 1218 Frei Zacarias chega a Alenquer para fundar um convento Franciscano e Frei Soeiro Gomes, primeiro provincial dominicano da Península Ibérica (1221-1223) funda, no termo do concelho de Alenquer, no alto da Serra de Montejunto, o primeiro convento Dominicano português.
Identificação
Contexto de produção
Os direitos coletivos são de tipo consuetudinário - comunidade local.
Os direitos coletivos são de tipo consuetudinário - comunidade local.
Ações promovidas pelo Grupo dos Reis de Penafirme da Mata:
Garantir a execução do Pintar e do Cantar dos Reis na sua povoação; Garantir a transmissão da prática, motivando e ensinando as gerações mais novas; Reunir os recursos necessários para a execução da expressão cultural (materiais e humanos); Associar-se como parceiros às ações de salvaguarda promovidas pela Câmara Municipal.
Ações promovidas pela Câmara Municipal de Alenquer:
Apoio logístico aos Grupos dos Reis do concelho de Alenquer; Estudo e Inventariação do Pintar e Cantar dos Reis no concelho de Alenquer (2016); Realização de um documentário sobre a expressão cultural (2016); Publicação de um livro sobre a expressão cultural; Continuação da organização dos Encontros sobre o Pintar e Cantar dos Reis entre os membros de todos os grupos (já promovidos em 2013, 2014, 2015 e 2016) Continuação da organização do "Roteiro Turístico Noturno" - que permite assistir ao Pintar e Cantar dos Reis em várias povoações, na noite de 5 para 6 de janeiro. Atividade promovida com o consentimento dos Grupos e respeitando o recato da manifestação (já promovido nos anos de 2015 e 2016).
Em Penafirme da Mata várias gerações estão envolvidas na organização da tradição. A comunidade não considera a celebração em risco ou ameaçada e a transmissão geracional dos conhecimentos e práticas encontra-se atualmente assegurada pelo Grupo dos Reis.
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
A convite do Padre, nos últimos anos têm ido cantar à missa de domingo realizada a seguir ao Dia dos Reis em Olhalvo (no mesmo dia em que canta o grupo do Olhalvo).
Não se aplica.
Não se aplica.
Contexto de transmissão
Conhecedor do ritual, o apontador é usualmente o elemento que assume o papel de porta-voz do grupo e partilha com o pintor mais velho e com os elementos mais dedicados ao grupo a responsabilidade de manter a prática transmitindo-a às novas gerações.
Equipa