intervenção: | Cláudia Álvares (Univ. Lusófona) - “O Espaço Público Português como Capital Simbólico: um branding colectivo” |
evento: | COLÓQUIO - CULTURA VISUAL URBANA E EXPRESSÕES DE ARTE POPULAR |
data: | 18 de Novembro de 2011 |
local: | Porto, ISCAP, sala de leitura informal da Biblioteca |
organização: | Centro de Estudos Interculturais (CEI) do ISCAP, Instituto Politécnico do Porto Laboratório de Antropologia Visual do CEMRI da Universidade Aberta |
resumo: |
Em tempos recentes tem-se vindo a debater a distinção entre espaço público e esfera pública, salientando-se que enquanto o primeiro pode constituir um alargamento do espaço de discussão dos cidadãos, não se rege pelo carácter deliberativo dos processos argumentativos da esfera pública deliberativa habermasiana (Papacharissi, 2002). As críticas proferidas pela Escola de Frankfurt à indústria cultural, nomeadamente à influência dos media no declínio da esfera pública ao longo do século XX, fazem sentido apenas na medida em que se pensa o espaço público enquanto albergando a potencialidade para se tornar esfera pública. Efectivamente, Habermas tende a idealizar uma cultura ‘grafocêntrica’ que privilegia o jornalismo de referência da esfera pública democrática por oposição a uma representação excessivamente negativa da cultura de massa (Kellner, 2000: 275), grande parte da qual centrada na primazia da cultura visual associada ao consumo. O espaço público contemporâneo distancia-se crescentemente da esfera pública, podendo ser descrito como espaço de organização comunitária, baseado no evocação de experiências comuns através da imagética visual de modo a consolidar a partilha de uma identidade colectiva. Da mesma forma que o branding reúne mercadoria e signo, também o design contemporâneo funde mercadoria com espaço (Julier, 2005: 67-8), sendo o objectivo o de criar um espectáculo com capital simbólico de modo a ser consumido pelas massas. Cada vez mais, a mercantilização dos objectos implica a passagem de um estado pré-visual para um estado estetizado. Ao analisar-se o vídeo ‘O que os Finlandeses não sabem sobre Portugal’, recentemente apresentado por Carlos Carreiras, presidente da câmara de Cascais, no encerramento das Conferências do Estoril como resposta às dúvidas da Finlândia relativas ao empréstimo por parte da Comissão Europeia a Portugal, focaremos o modo como o espaço público português é construído tendo como pano de fundo ‘os seus outros’, num contexto em que o visual desempenha um papel de relevo na formação e representação culturais. |