Inventário PCI

Colónia Correcional de Vila Fernando - memórias

Memórias de VILA FERNANDO  - a Colónia Correcional de Vila Fernando, Elvas

Vila Fernando é uma localidade do concelho de Elvas, cujo desenvolvimento foi fortemente marcado pela presença de uma instituição de internamento de jovens delinquentes – Colónia Correcional de Vila Fernando no período entre 1895, ano em que entrou em funcionamento, e 2007, ano em que foi encerrada.

Registo: Vila Fernando, concelho de Elvas, 2013.

Registo de Memória Social e Histórica sobre a Colónia Correcional de Vila Fernando

Este trabalho não se inscreve no conceito de Património Cultural Imaterial, porque não se refere a uma manifestação que exista na atualidade mas, junto com os representantes da comunidade, e pela importância que os mesmos lhe atribuem, decidiu-se pela sua inclusão neste inventário.

Vila Fernando - Colónia Correcional de Vila Fernando

 

Vila Fernando é uma localidade do concelho de Elvas, cujo desenvolvimento foi fortemente marcado pela presença de uma instituição de internamento de jovens delinquentes – Colónia Correcional de Vila Fernando no período entre 1895, ano em que entrou em funcionamento, e 2007, ano em que foi encerrada.

Em 1320 já o pequeno povoado tem o nome de Vila Fernando, facto que se deve a D.João Fernandes de Lima, rico-homem e grande proprietário da região, uma das figuras que assinou o tratado de Alcanizes em 1297. O documento mais antigo que se conhece com referência a Vila Fernando é uma carta do couto datada de 1363. Os registos paroquiais mais antigos datam de 1620. No séc. XVI as terras de Vila Fernando, já sede de concelho nesta altura, passam a pertencer à Casa de Bragança, por compra que fez ao então proprietário, D. Catarina, mulher do Duque D.João I.”. (Lopes,2011, pág.49)

 

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Transcrição

Caraterização

Registo de Memória Social e Histórica sobre a Colónia Correcional de Vila Fernando. Este trabalho não se inscreve no conceito de Património Cultural Imaterial, porque não se refere a uma manifestação que exista na atualidade mas, junto com os representantes da comunidade, e pela importância que os mesmos lhe atribuem, decidiu-se pela sua inclusão neste inventário.

“A Lei de 22 de Junho de 1880 autorizou a criação de uma escola agrícola destinada a receber e educar menores vadios, mendigos, devalidos e desobedientes. Para a construção da escola foi escolhido o Alto Alentejo, no distrito de Portalegre e concelho de Elvas, a herdade de Vila Fernando, na freguesia do mesmo nome. “ (Lopes, 2011, pág.49)

“A herdade de Vila Fernando ocupava uma área de 777 hectares tendo sido destinada uma pequena parte, oito a dez hectares para as edificações, sendo a restante destinada a explorações agrícolas. Em 1967 foi adquirida e anexada a Herdade dos Campos que veio aumentar a área total para 1050 hectares.” (Lopes, 2011, pág.49)

Diretores da colónia:

Dr. Ernesto Leite de Vasconcelos (1895-1913)

Dr. Henrique José Caldeira Queiroz (1913-41)

José Pinto de Araújo Rombo (1942-55)

Engº Manuel Joaquim da Silva Rente (1955-76)

João António da Silva Rente (anos 70 e 80)

Idalino Vaz Ferreira (anos 80)

Ilísio Dias Carmona (anos 90)

Dr. João Henrique d’Oliveira Cóias (último)

Identificação

Práticas sociais, rituais e eventos festivos
Organização Social
Colónia Correcional de Vila Fernando
Colónia Correcional de Vila Fernando
Português

Contexto de produção

Habitantes e ex-trabalhadores de Vila Fernando
1895

Contexto territorial

Vila Fernando
Vila Fernando
Elvas
Portalegre
Portugal

Contexto temporal

2013
não se aplica

Património associado

A aldeia de Vila Fernando, apesar de pequena, teve em tempos mais de 1000 habitantes. Tinham duas escolas, uma de rapazes e outra de raparigas. As pessoas juntavam-se muito nas ruas, na época de verão, ou em redor da chaminé, no tempo frio. Era uma população que contava histórias à lareira, organizava bailes e teatros, muitas vezes utilizando os recursos físicos da Colónia, como o teatro.

Os bailes eram um dos eventos frequentes da vida na aldeia. No Carnaval fazia-se o ‘Baile da Pinha’, uma recriação dos tempos principescos. As pessoas davam um baile com o pretexto de este servir para ‘polir o chão’. Os bailes eram cantados.

No verão as pessoas iam à água fresca na Fonte da Eira, uma ocasião que servia, muitas vezes, para encontros entre namorados.

A chaminé era o espaço nobre de todas as casas. Era ali que as pessoas se reuniam. Como refere uma das habitantes de Vila Fernando: “Era o canto dos afetos: recebiam-se os amigos, choravam as mágoas, e contavam-se as histórias.”

Em termos gastronómicos, como era uma terra de trigais, o centro da alimentação era o pão. Com pão e algumas ervas locais as pessoas foram criando a sua alimentação.

Vila Fernando comemora duas festas religiosas, de forma mais intensa. A 8 de Dezembro comemora a Festa da Imaculada Conceição, que é a sua padroeira, altura em que as pessoas oferecem as fogaças. E na Páscoa as famílias reúnem-se (hoje, muitos dos que residem fora da terra voltam nesta quadra) e existia a tradição das pessoas se juntarem em torno de um forno comunitário, onde cozinhavam.

Atualmente Vila Fernando tem cerca de 200 habitantes, na grande maioria, idosos. Os tempos da colónia marcaram fortemente os da aldeia, e com o seu declínio e posterior encerramento, muitos dos habitantes que ali trabalhavam tiveram que sair em busca de outros trabalhos.

Todo o edificado da colónia, agora ao abandono e respectiva propriedade.

Contexto de transmissão

Estado da transmissão
Não se aplica
Descrição da transmissão
Agentes de tramissão
Idioma
Português

Equipa

Transcrição
Registo vídeo / audio
José Barbieri
Entrevista
Filomena Sousa
Inventário PCI - Memoria Imaterial CRL