nome: |
Ermelinda Rosa dos Anjos |
ano nascimento: |
1929 |
freguesia: | Nossa Senhora da Vila |
concelho: |
Montemor-o-Novo |
distrito: |
Évora |
data de recolha: | Maio 2012 |
Montemor-o-Novo "O lenhador"- Meninos perdidos na floresta vão ter à casa de uma rainha má. Ermelinda dos Anjos, Ano de nascimento 1929, Montemor-o-Novo, Registo 2012. Eu lembro-me de um conto que ele [pai] me contou que era “o lenhador”. Era um homem que era muito pobre e tinha um menino e uma menina. Depois chegou a pontos que não tinha que lhe dar de comer. E então disse para a mulher: - Olha, a gente vamos mandar os nossos filhos para a floresta. Mandaram-nos para a floresta e o menino foi pondo miolinhos de pão para saber o caminho, para depois quando voltasse para trás. E a menina levava umas penazinhas da galinha – foi pondo penas da galinha. Chegou-se à noite, quiseram voltar para trás. O pão… Os passarinhos tinham comido o pão: não havia pão no caminho. E as penas… O vento tinha levado as penas: não souberam o caminho. Estavam perdidos. Depois foram andando, andando… Encontraram uma casinha com uma luz acesa lá muito longe. Foram andando, andando… Era um grande palácio com umas luzes acesas. Eles bateram à porta, veio uma rainha – que era a rainha má. Veio a rainha abrir-lhe a porta. Ela mandou-os entrar, deu-lhes de jantar, aquela coisa toda… Tudo muito contente. Quer dizer, e depois o menino dizia assim… O menino era mais velho do que a menina; a menina chorava e ele dizia assim: - Não chores… Não chores, que a gente amanhã vamos embora. E eles, a espreitarem pelo buraco da fechadura, viram que a velha que era canibal. Pois, ficaram cheios de medo. E a velha disse assim: - Amanhã de manhã vou buscar lenha e depois asso primeiro a gaiata, que ela é mais tenrinha… Depois a menina chorava e ele dizia: - Cala-te, não chores. Deixa, que o mano arranja as coisas para a gente sair daqui. Quando a velha – a velha rainha, vá – foi buscar a lenha, eles puseram uma armadilha na ponte (porque o palácio era daqueles palácios antigos que tinham um fosso muito fundo e a ponte, depois, a ponte levadiça, onde a rainha passou; passou para lá…) Eles, com umas cordas, arranjaram um laço. Quando a rainha vinha a chegar com a lenha às costas, eles puxaram a corda – a rainha caiu para dentro do poço. E então, quer dizer, não morava mais ninguém no palácio porque a rainha foi comendo os criados todos, já não tinha ninguém, já vivia sozinha! E então eles ficaram a viver no palácio ali uns dias. No entretanto, o pai e a mãe, cá na casinha pobre. A mãe chorava e o pai dizia assim: - Deixa, que a gente vamos procurar os nossos filhos. Foram procurar os filhos e perderam-se também na floresta. Depois viram aquela luzinha acesa, porque os meninos tinham a luz acesa. Foram lá ter: eram os filhos. E então ficaram muito contentes. E o pai queria ficar na casa, no palácio. E o filho disse: - Não, pai, a gente vamos viver para a nossa casinha pobre, porque era lá que a gente éramos felizes. Voltaram todos para a casinha pobre. Ainda hoje lá estão, muito contentes. Este era um dos contos que o meu pai contava. Informante: Ermelinda Rosa dos Anjos 2012/Montemor-o-Novo Em eventos culturais, excursões e actividades organizadas pela junta de freguesia ou município de Sobral de Monte Agraço
Inventário PCI
Transcrição
O lenhador
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Equipa
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