nome: |
Aurora Cristo |
ano nascimento: |
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freguesia: | Cerdal |
concelho: |
Valença |
distrito: |
Viana do Castelo |
data de recolha: | 2022 |
- A coisa má e os medos em Ponte de Lima
- As feiticeiras e a barca do rio
- Cantigas no trabalho
- Férias no lugar de Passos
- O milho e o chiar dos carros
- O Penedo da Moura
- Oração - Nesta cama me deito
- Os roubos no S João
- Trabalhar o linho
Histórias sobre feiticeiras, como descobrir quem era feiticeira e sobre procissões de defuntos. Lendas do Sobrenatural (Procissão das almas; bruxas: Boggs *746 O marido da bruxa) [Lembro-me] do meu pai dizer que havia um tio dele. Diz que havia, nós chamávamos-lhe, feiticeiras. Que apareciam as feiticeiras à meia-noite. E até diziam que passavam à porta da minha avó. Tinha um carreirinho mesmo à beira do rio e tinha certos dias que passava lá a procissão dos defuntos. Que havia pessoas que viam quem ia dentro do caixão. E se vissem a figura da pessoa, que não estava [morta], a figura que estava dentro do caixão na vida normal estava viva, mas se vissem essa pessoa no caixão que essa pessoa que morria. «- Olha, olha está ali. Fulano viu passar a procissão dos defuntos!» As pessoas tinham muito medo. A partir de uma certa hora já não saía ninguém de casa. Naquela noite já não saía ninguém de casa, porque tinham medo. // Quando contavam também uma história que havia, acho que era um familiar meu, não sei se era o meu bisavô, que também não acreditava nas feiticeiras. Diz que elas que apareciam nas ditas barquinhas. Que elas apareciam nas barcas e que andavam a passear nas barquinhas para trás e para a frente. Diz ele: - Deixa estar que eu ainda hei de ver. Ainda hei de ver onde é que estão as feiticeiras. E que se meteu na barquinha, escondido lá na barca, tapado lá com umas coisas. Que à meia-noite apareceram as feiticeiras, que o levaram não sei para onde. E disse ele: - Olhe, fui até ao Brasil e vim. Mas tudo isso é mentira (...?), mas que as feiticeiras que o levaram para o Brasil na barca. Foi, foi, foram elas que o trouxeram! Diz que foi numa noite, que foi ao Brasil e veio! O meu pai disse que tinha sido o avô dele, que foi ao Brasil e veio. Não sei. // Houve o outro que dizia que também se escondeu não sei onde e que as feiticeiras que o levaram para uma bouça. E então que ele apareceu todo arranhado de manhã. - Então o que é que te aconteceu? - Olha, as feiticeiras levaram-me. Por cima de pinheirais, por baixo de pinheirais, por cima de silveirais. Elas levaram-me por aquilo tudo, venho todo arranhado. Não morri, porque não calhou! Nós nunca chegámos a saber se isto era verdade, se era mentira, isto eram histórias que se contavam. Houve um que diz que trouxe uma coisa qualquer na mão, uma erva qualquer. Que passou num sítio e que para provar que tinha ido trazia qualquer coisa, não me lembro do [que era], mas [dizia:] - Olha, está aqui a prova, vês? Agora, se apanhou com as feiticeiras ou não, não sei. Se conhecessem alguém não podiam dizer, porque durante o dia eram pessoas normais, só eram feiticeiras à noite, só já por volta da meia-noite e assim. Até há quem diga também que quem quisesse saber quem eram feiticeiras, quando fossem à igreja que levassem uns baguinhos de milho e deitassem um baguinho de milho na pia de água benta. Quando o milho caísse lá as feiticeiras que estivessem olhavam para trás. Era assim que eles [diziam]. Isso também era uma história que eu ouvia contar. Eu nunca fiz isso, tinha medo. Olha se eu vou fazer e elas dão cabo de mim. Mas não sei se chegou a haver, mas diziam: - Olha, faz isso. Queres conhecer as feiticeiras? queres conhecer? Olha, leva um bago de milho. Quando entrares na igreja põe dentro da pia de água benta, elas olham logo para trás.
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