nome: |
Maria Rodrigues |
ano nascimento: |
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freguesia: | Bico |
concelho: |
Paredes de Coura |
distrito: |
Viana do Castelo |
data de recolha: | 2022 |
- A cabra cabrês
- A ovelha manca
- Aqui d'el rei! Quem me acode?
- As mouras encantadas
- Caminhando vai José
- Casar as velhas
- O corvo de S Bento
- O mau olhado à vaca
- Oração a Santa Bárbara
- Orações a Santo António
- Orações curtas
Histórias de mouras encantadas, tentativas de as desencantar e tesouros quase encontrados. Lendas do sobrenatural (mouras encantadas e tesouros) - "Uma lá em Cristelo, no alto do Crasto, que tentaram lá ir desencantar, mas que... Que fizeram um sino Salomão, que têm de fazer para desencantarem as mouras, um sino [signo] Salomão no chão. E depois têm de ir para dentro daquele sino Salomão e [ler] o livro de São Cipriano - há quem tenha o livro de São Cipriano. Nós lá, tinha (...) o tio Zé do Porto e o doutor de Vidão é que lhe ficou com ele. E lá numa freguesia vizinha nossa lá à beira, não foi na nossa, mas foi numa freguesia vizinha, diz que tentaram (...) ler o livro de São Cipriano e não conseguiram. Diz que começaram a aparecer labaredas e bichos e tudo." - "Isso uma moura, para a desencantar, acho que não é fácil." - "E que não conseguiram desencantar. Diz que não. O meu pai é que contava, também. Acho que era o meu pai. E quando contava o meu pai também contava o teu, que eles eram irmãos. Que uma vez passaram por uma senhora que estava na beira de um caminho, com uma cesta. E que tinha muitas coisinhas, miudezas: alfinetes, tesouras, agulhas. Que tinha dentro da cestinha muitas coisas. E que passou uma pessoa, que ficou a olhar, e ela que lhe disse: «- Escolha uma das coisas, escolha. Para levar, escolha.». E essa pessoa que disse: «- Então levo umas tesouras.». E ela que disse: «- As tesouras querias a língua cortada com elas.»." - "Queria que a escolhessem a ela, não era?" - "Não queria que escolhessem as tesouras, era outra coisa. E desapareceu nessa hora. Em vez de a desencantar ainda a encantou mais, coitada." - "Ficou perra!" [Risos] - "Lá naquelas laboeiras, por cima do tio Mino Morgado, onde agora passou a estrada. (...) Havia uma mó de um moinho e debaixo dessa mó do moinho havia qualquer coisa encantada lá. E a mó do moinho desenterrou-a o meu pai, mas o meu pai não sabia, não viu o rasto." [Risos] - "E não desencantou a moura!" - "A mó do moinho ainda há pouco lá estava, agora é que a tiraram, não sei lá onde é que a levaram. Aquilo roubaram, levaram-na para alguma coisa. O meu pai desenterrou a mó do moinho. Isso estava no livro de São Cipriano. Ele depois veio a descobrir, desde que já tinha desenterrado essa mó do moinho, que nessas tais leiras (...) que eles chamavam as leiras do Sino, diz que antigamente que houve lá uma igreja." - "Não. A mãe é que diz que foi lá fundido o sino ou não sei quê." - "Qualquer coisa que chamavam-lhe as leiras do Sino. (...) Chegaram a ler nesse livro de São Cipriano, que contava a história que nessas leiras do Sino que estava uma mó do moinho enterrada e que por baixo da mó do moinho que tinha lá qualquer coisa escondido das mouras. Mas o meu pai só viu a mó do moinho, não viu o resto." [Risos] - "A moura estava por baixo."
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