nome: |
António Melão |
ano nascimento: |
1932 |
freguesia: | Pereiro de Palhacana |
concelho: |
Alenquer |
distrito: |
Lisboa |
data de recolha: | 2013 |
Alenquer "A apanha da cereja" - Explicação de como antigamente se apanhava muita cereja e as árvores dos pomares eram robustas e fartas, por oposição ao que se vê acontecer actualmente. António Melão, Ano de Nascimento 1932. Soeiro Cunhado. Pereiro de Palhacana. Relato sobre práticas culturais "As cerejeiras cá, isso era no mês de Março, não é? Agora é que elas começam todas a arrebitar. Aquilo era… faz-de-conta que era um lençol. Aquilo era um lençol, tudo branco! Aquilo era ali… Isto era uma área de muita cereja. Eu cheguei a andar aí um mês e tal com quatro mulheres a apanhar cereja, fora a minha mulher! Sempre todos os dias, todos os dias. Todos os dias a acartar cereja para todos. Comprava os cerejais, eu. Começou assim, depois foi aumentando. E era sempre com carroça, não era lá a brincar! Vinha de lá, tinha que ir para lá outra vez! Vinha de lá, tinha de ir para lá outra vez. As mulheres subiam acima das árvores para apanhar. E outras era por baixo, aonde chegavam, não é? Então elas subiam pela árvore acima e umas puxavam – tinham umas canas para puxar assim as trancas… Não, não cantavam! Cantavam agora! Pareciam aquase os melros! Depois andava aqui uma mão cheia delas, depois andavam outras logo lá mais à frente. Depois aquelas começavam a cantar para as outras, as outras para estas… Ó! Aquilo era uma […]! As químicas deram cabo das árvores todas. Devia ser uma coisa qualquer que veio nos desastres, percebe? Agora… Depois lá o terreno era todo franjado, tudo arranjado; não levava químicos nenhuns no terreno. Aquilo foi uma coisa qualquer que veio. Então, tinha lá um pomar, uma coisa fora de série! Mas olha, está lá uma, por acaso: uma árvore, só. O resto que tem lá é ameixeiras. Não sei o que é que foi isto, que agora pode-se pôr mas não desenvolve… A gente tinha árvores que era preciso dois homens assim para abrangê-las! Agora é pouco mais que a coxinha de uma perna das minhas – e eu sou delgado! Então, não se fazem árvores como deve ser, como era dantes! É o clima, pronto. Não desenvolve. A árvore nunca mais medrou como era dantes, pronto. O que é, não sei. É quem domina isto. É para haver dos outros lados, para haver dinheiro? Os outros também precisam, não é? Aqui é umas áreas valentes de vinhos e coisas. É uma área boa…" Histórias partilhadas nos tempos de lazer e em festas e romarias. Actividades promovidas pelo Município.
Inventário PCI
Transcrição
A apanha da cereja
Caraterização
Identificação
Contexto de produção
Contexto territorial
Contexto temporal
Património associado
Contexto de transmissão
Equipa